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FAIXA DE GAZA

A faixa de Gaza vai de São Cristóvão a Acari, incluindo a Avenida Brasil e as Linhas Vermelha e Amarela (as três principais vias de acesso ao Rio), além das favelas do Complexo da Maré (vizinho do Aeroporto, UFRJ e piscinão) e do Alemão (vizinho da Fiocruz, do lado oposto). São freqüentes os confrontos entre policiais e traficantes, numa analogia com israelenses e palestinos. A invasão de um paiol da Aeronáutica, colado à Maré, dá a dimensão da geografia e da história da guerra, ao roubarem fuzis HK-33, modelo considerado pelos especialistas como um dos melhores do mundo e somente usado por tropas de elite. A cada dia eles nos surpreendem, parece que foi ontem que encontraram um depósito de minas terrestres belgas no subúrbio carioca.
Positivamente, não se fazem mais militares como na Redentora de 1964, nos anos de chumbo do AI-5, do “Brasil, ame-o ou deixe-o”. É a pá de cal nos nostálgicos que clamam por um regime de força para deter a avassaladora investida desses comandos, alimentados por suspiros lacerdistas que reivindicam a remoção imediata de favelas, pautados pelo sucesso estrondoso de “Cidade de Deus”. Ademais, se Carlos Lacerda fosse um político confiável, os militares o teriam aproveitado como um ditador civil entre um Castelo Branco e um Costa e Silva.
O busílis da questão é que hoje não existem mais comunistas para se perseguir. O buraco é mais embaixo com os traficantes, um exército que não tem medo de morrer e corrompe a soldadesca civil ou militar – criaram até um idioma próprio. Não titubeiam em colocar em risco a vida dos favelados e arrastar a polícia para esse dilema. O dinheiro é alto e os bacanas bancam. Se fosse tão fácil parar de consumir, Aids não seria mais problema, ou sexo não é vício? Perguntem aos fãs da prostituição.
Não temos alternativa. Os militares terão que se despir da glória a que a farda os remete e se juntar à PM. E se somarem à Polícia Federal para fiscalizar a fronteira. Formando uma salada de frutas impensável com a Marinha, vigiando os nossos sete mares e mil rios. Com que navios, se a batalha é pior do que no Iraque? Mata-se mais gente e de onde não se espera surgem gatunos, escroques, malfeitores, fernandinhos, molequinhos, uma pivetada só, que torna o Estatuto do Idoso uma missão impossível.
Imaginem se tivessem os recursos colocados à disposição pelos xeiques das arábias na conta do Osama para destruir o mistério das duas torres. Ia ser um arraso no Rio. Só assim iríamos nos unir, valeria a pena cantar o hino nacional com a mão no coração como os jogadores da seleção.
Da Guerra do Paraguai à Intentona Comunista. Estamos em guerra e ainda esperamos por um inimigo que vá invadir nosso território. O inimigo é interno, criado por todos nós enquanto pudemos mantê-lo afastado, na periferia da nossa sociedade de consumo. Armados, usam a droga como fetiche e fonte de renda para afrontar uma sociedade que sempre retardou a hora de pôr os pingos nos is. Do ajuste de contas. De parar de fingir que não é contigo a chacrinha do vizinho do lado que torra a tua paciência, com essa mania do carioca de ser espaçoso e fazer questão de compartilhar sua alegria com os outros. Essa tendência do Rio de muvuca, transformando a faixa de Gaza em zona.

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Antonio Carlos Gaio
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