Eu vejo metáfora em tudo
Ensinamentos profundos
Em acontecimentos banais
Não sei se é o ofício
O compromisso de poetizar
Mas há vezes em que chega a dar
Uma sensação de loucura
Eu falo comigo como um amigo
Que dá lição de moral
E depois reclamo
Como quem diz “Não exagera!”
“Cara, espera, nem tudo é assim
Tão especial”
E então vou vivendo
Na bolha do Deus:
Pensamento
Toda hora uma estoura no ar
Enquanto corro
Quando não posso rimar um socorro
Bem que minha amiga psicanalista
Disse que artista não é comum
E eu na hora a corrigi
Não é essa a palavra pra gente
É comum essa lava
De vulcão que nos lava
Toda vez que criamos
Isso pra gente é normal
Ser prático
Denotativo
Óbvio
E preciso
É que nos é
Diferente
Estamos sempre pensando
De um jeito realmente
Fora do comum
Crente que abafamos
Enquanto somos
Como qualquer um
Como argumentei com ela
Não me acho diferente
Incomum, nem anormal
Essa é minha função no mundo
O meu modo de ver
Então o que é comum pra mim
Só não é pra você
Quem disse que
O que não está na sua cabeça
Mas está na minha
É diferente do normal?
“Dizem que sou louco
Por pensar assim
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz
Eu sou feliz”
(Balada de Louco – Os Mutantes)
@marianavalle
5:50
Rio, 17 de junho de 2025.
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