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NÃO VIRE AS COSTAS PARA O MUNDO

    Mike Tyson foi um pugilista peso-pesado que assustou o mundo por derrotar seus adversários em pouco tempo, pois seus socos demolidores os levavam à lona com rara facilidade. Sua compleição física e agilidade aliadas ao perfil de invencível atraiu um público sequioso de esmagar e humilhar seus inimigos, personificados no Mike Tyson, que passa longe dos princípios que norteiam o esporte e a nossa própria vida.

    Distante do apogeu e esquecido, Tyson manifestou-se em entrevista sobre que tipo de legado ele não gostaria de deixar para trás. Surpreendentemente, logo refutou o seu legado, revoltado com o seu histórico de acusações de estupro e violência que redundaram em processos na Justiça, verdadeiras ou não, mas que pesavam em sua consciência, o que lhe conferiu uma imagem de força bruta e com grande poder de ataque.

    Tyson repudia o termo legado, por associar a exaltação de seu ego, do qual hoje quer distância por não significar absolutamente nada para ele, acrescentando: “Estou apenas passando por aqui (por essa vida), eu vou morrer e não restará nada de mim, pois eu não sou nada”.

    Não adianta tentar amenizar com a lembrança de que foi um dos maiores pugilistas de todos os tempos e com enorme poder de destruição. Ao que Tyson acrescenta, em tom amargo: “Nós temos muitas dívidas por aqui a pagar, nós somos pó, nosso legado não tem nenhuma representatividade. Você conhece alguém que deseja que o seu legado seja dessa ou de outra maneira depois de morto? Eu não quero que as pessoas pensem em mim depois de eu morrer”.

    Afora o desgosto com sua existência e desesperança em sua encarnação, por não ter conseguido reverter o seu espírito ao longo de sua escalada tumultuada, de fato, sem noção, não há como não relembrar passagens de sua vida como pugilista ou não, pois caíram no domínio público.

    Confundiu ego com não se querer bem e não se aceitar, ao não se respeitar e se negar. Negar tudo o que o boxe lhe assegurou materialmente e o que lhe propiciou de fama. Pois não soube lidar com o prestígio e admiração de seus fãs. De pouca serventia para se livrar da herança com que foi escalado para se desenvolver nessa encarnação: desvencilhar-se do brutamontes e se tornar sensível, apto para dar conta de uma missão extremamente difícil de resgatar. Com que propósito? Ora, para ser feliz e menos áspero, intransigente e ressentido. E não virar as costas para o mundo, integrando-se ao meio em que vive, sendo mais participativo e solidário. Com espírito de boa vontade.    

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Antonio Carlos Gaio
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