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NINGUÉM MERECE

Ninguém merece caiu no gosto do povo, ao reclamar dos maus-tratos infligidos pela sociedade dirigida por políticos que não se mancam em nos deixar viver com prazer, livres de epidemias, em paz e com dinheiro no bolso. Meta irreal e impossível de ser alcançada.
O negócio é buscar refúgio na azaração. Mas ninguém merece a total dessintonia que campeia no entrelaçamento de braços e pernas de homens e mulheres que se confundem nas suas pretensões, embora se desejem a torto e a direito. Não se combinam porquanto ela procura uma terceira via, enquanto ele se mantém na preferencial – para que inventar, se ainda funciona?
Ninguém merece Rosinha sair pela porta dos fundos de igrejas para não dar declarações sobre revoltas em presídios femininos. Ninguém merece o nonsense do Garotinho interrogar um suposto assassino perante as câmeras de TV, depois se esconder da imprensa diante de um surto de rebeliões de presos e, no terceiro ato, ressurgir com o estado de emergência decretado pela governadora que esnobou a ajuda militar.
Ninguém merece ver interrompida a magia do escurinho do cinema pela luz robótica de celulares que hipnotizam seus usuários, a ponto de não conseguirem se desligar de vínculos que monotonamente renovam a cada dia. Quando não tentam diluir seu nervosismo no saco de pipocas gigantesco. Vai pra casa, ô jeca tatu!
Ninguém merece continuar a assistir à novela da família Maluf como carma da locomotiva do país, que vem desde Adhemar de Barros, o perfil do rouba mas faz. Em contraste com a lenda que se tornou Jânio Quadros, que gerou o filhote Collor, ambos apeados do poder por venderem propaganda enganosa de combate à corrupção e a retidão do caráter público.
Ninguém merece ser abordado no transporte coletivo por um sujeito espaçoso que deseja compartilhar suas impressões sobre o cotidiano, justamente no dia do ano em que você necessita ficar recolhido. E ser tachado de antipático e metido a besta.
Ninguém merece criar uma nova loteria para tentar tapar o buraco na educação de nível universitário, depois que Lula pretendeu acabar com os bingos – patinando no impasse, se somos dependentes ou não do jogo de azar.
Certamente alguém merece pagar pelos pecados cometidos por conta de escolhas sujeitas ao livre-arbítrio. O que ninguém merece é tanto. Ou será que não é o preço justo por resistirmos tanto, em não querer cair na real, na doce ilusão de que tanto riso só pode ser tanta alegria.
Ressaca, quarta-feira de cinzas e dor-de-corno não são invenções do diabo.

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Antonio Carlos Gaio
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