O DINHEIRO SUJO DO PETRÓLEO ESTIMULOU OS EUROPEUS A VENDER ARMAMENTOS PARA KADAFI MATAR OS LÍBIOS

Como se autoproclamava o rei dos reis da África, Kadafi já organizou em Trípoli um Fórum de Reis, Princesas, Sultões e Xeques da África. Num país coberto por desertos, Kadafi detestava poeira a ponto de cultivar a mania de constantemente limpar tudo com álcool. Gostava de exibir suas famosas amazonas, que lhe proporcionavam a aparência de imperador e impressionavam os visitantes estrangeiros, invejosos de seu caráter tirânico garantir o sexo livre com essas guarda-costas – cerca de 200. Embora sua preferência fossem as meninas virgens que, como senhor feudal, as experimentava primeiro, para depois entregá-las a um primo, funcionário ou segurança com a condição de casar e formar família e, em troca, ganhar uma casa. Kadafi tinha medo de morrer; ai de quem se aproximasse dele e não obedecesse às suas ordens: dez anos de cadeia ou morte. De que adiantou seu filho Saadi consultar manual de boas maneiras para homens modernos, se representam a barbárie escolada em perversidades e trucidamentos? Como explodirem um DC-10 francês em 1989 com 170 passageiros ou derrubarem um Boeing 707 da Pan Am na Escócia, matando 270 pessoas, um ano antes. De que adiantou as potências ocidentais isolarem o frio assassino e a ONU embargar internacionalmente a Líbia? Se aceitaram que, em 2004, Kadafi indenizasse as famílias das vítimas com o dinheiro sujo do petróleo e prometesse o fim de seu programa nuclear. Se Kadafi não vale nada, imagine sua palavra! Mas valia ao Primeiro Mundo retomar o comércio de armas com o senhor da guerra, pago com o dinheiro bem-vindo do petróleo. Itália, França e Reino Unido compraram até 2009, respectivamente, 276, 210 e 119 milhões de euros em armamentos. Afora as relações promíscuas da CIA, defensora da liberdade nos EUA, com o regime despótico, em busca de informações sobre a al-Qaeda, mesmo que obtidas sob tortura. Sarkosy chegou a recebê-lo com tapete vermelho e autorizá-lo a montar uma de suas tradicionais tendas nos jardins do Palácio do Eliseu em 2007. Enquanto isso, aqui no Brasil, os tucanos batem firme no Lula por ter sido amiguinho de Kadafi, Ahmadinejad (Irã) e Bashar al-Assad (Síria), com conotação de farinha do mesmo saco na comunidade árabe, ao passo que apoiam a OTAN no bombardeio da Líbia, afinados com sua política de combater regimes corruptos e de sempre privilegiar as leis do mercado e os interesses privados em prol da eficiência e dos resultados na economia. Mesmo que à custa de alguns tirinhos.