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O MAIS BELO RÉVEILLON

No Réveillon de 2004, ela entrou na minha vida feito um raio.
Às primeiras badaladas da meia-noite de sexta-feira 31 de dezembro de 2004
Lenta como só e acontece aos portadores da energia do kundalini
Me encantando
Disse de cara qual o seu projeto irrealizado (ela os tem)
Qual o mal que a aflige
Não gostar de pressão
Dos filhos ela é segura e dá conta
Do amor, desapegada
E me beija a boca com gosto de champanhe
Um ser feliz e pleno.
Não porque conseguiu ficar de cabeça pra baixo no iôga
Mas porque ri, um sorriso gostoso que engole o oceano e me transportou à Via Láctea
Na imperturbabilidade da mulher fértil
Graças ao samadhi, a suspensão completa da atividade mental
Que realiza a união do sujeito com o objeto
Ah, se não fosse o cheiro, o que seria do amor?
Cheiro disso, cheiro daquilo, cadê você, só quero você, meu amor
E te acho em todos recantos
Que teremos de nos refugiar para construir
E só depois de prontos aparecer…
Não vai ser fácil
A poesia estimula, o novo intriga, o renascer perturba
O importante é que falamos a mesma língua.
O oriental
O caminho correto para alcançar
A lua em Sagitário
Coisa de que nunca ouvimos falar
Mas sonhamos em ter
Fazendo-nos imortais
Pois já nos conhecêramos antes
Ademais…
Pouco lhe assusta meu passado
Tão dissecado e malconceituado pelas bruxas
Que não sabem ler nas entrelinhas
O início, meio e fim do amor
Como princípio
Princípio de tudo
O que nos retirou das trevas
Não fomos postos para fixarmos nossos olhos, um no outro, à toa. Faz sentido.
Tentar esse encontro
Tão decantado por quantos cruzamos
Encarnação por encarnação
A transformar-se numa lenda
Viva em todos os poros
Jogados que fomos em cena
Todos nos olham e se perguntam
Como transformar o complexo em algo tão simples
Mas é para isso que estamos aqui?
Não há como evitar, prevenir e remediar
Paga-se um preço
Recomenda-se ir com uns trocados no bolso
Eles não dão troco nem devolução
Se você não conferir eles te tiram um pedaço, um fragmento da alma
Só assim entenderá que a alma existe e foi feita para ser explorada
E a alma implora por conjunção, comunhão
Pela combinação, pela transfusão
Sais minerais que nos curem dos bacilos
Dos vacilos
Que provocam alergias, sudores e o ciclotímico
Eu é que não vou me incomodar com isso!
Se pudesse parar de pensar por um instante
Mas o amor sufoca, esgana e estripa
Caso você não mova uma palha
Se pudesse parar de pensar por um instante
Eu iria até aí e a cobriria de beijos
Deixando-a louca
Eu arrepiado
Percorrendo seu corpo sem fazer rodeios
Sugado que nem o gênio da lâmpada
Se pudesse parar de pensar por um instante
Se pudesse parar de pensar em você
Mas eu não consigo. Adeus Ano Velho!

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Antonio Carlos Gaio
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