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PARA SEMPRE ALICE

Para Sempre Alice

Para Sempre Alice

Não é tão somente um filme sobre Mal de Alzheimer como outros poucos. Nem justo taxá-lo de um filme apenas regular se o mal acomete uma professora renomada de linguística, precocemente aos 50 anos, linda como a esplêndida atriz Julianne Moore (vencedora do Oscar), com o filme não se atendo à despedida da família e internação, desfecho preferencialmente abordado nesse tema. Concentra-se em quando ela começa a esquecer algumas palavras em plena aula ou em palestras. O que atinge a plateia mais madura, que hoje em dia vive entre a cruz e a caldeirinha, confundindo Alzheimer com o esquecimento natural que vai se entranhando com a idade. Se, como ela, são candidatos em potencial ao mal que os fará esquecer daqueles que lhes são caros, onde moram ou mesmo, quando na rua, onde estão, se ainda são capazes de lidar com gás na cozinha, enfrentando a insegurança de seu meio que desconfia se até então ela é sã ou se já está a caminho da demência total, quando será apagada a trajetória vitoriosa que construiu, fato de que Juliana Moore tem consciência, e sofre. O filme nos põe em contato com essa dura realidade de a lembrança vir a ser anulada ao fechar dos olhos para a realidade de nosso mundo. Como classificá-lo como um filme mais ou menos, se essa realidade apavora velhos e jovens que terão de cuidar deles? Ou se ausentarem ou ignorarem para não ver como irão ficar. Antecipando um dos sintomas que um dia poderá comprometê-los irremediavelmente. Como só e acontece na família da personagem de Juliana Moore, em que cada um toma o seu destino, ora se afeiçoando mais a ela no seu progressivo mergulho no isolamento, ora procurando se organizar para se afastar quando ela não mais o reconhecer, até para não sofrer. Tudo tudo isso sob a quase perfeita percepção de quem breve se despedirá do raso padrão de consciência que norteia nosso entorno. Sorte dela que sua memória irá sendo deletada desses passos mal dados por quem a rodeia. “Para sempre Alice” nos remete a um contexto de tudo começar no progressivo esquecimento de palavras, misturando-se às nossas vidas quando também diminuímos a intensidade da luz sobre situações passadas ou fisionomias que perderam sua importância, tornamos irrelevantes relações outrora marcantes, rompemos laços até a cisão completa de espíritos demasiadamente apegados e alienados, distantes da aventura a terras mais promissoras, fazendo jus a um adeus. O Mal de Alzheimer sepulta esses desencontros e fraturas que marcaram sua vida, tornando realidade o que já vinha se concretizando há muito tempo no correr de seu destino e você não se apercebeu.

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Antonio Carlos Gaio
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