Eu não sou uma imagem
Que aparece no seu feed
Pra você curtir e depois
Esquecer que eu existo
Porque rolou a tela entediado
Procurando uma nova aventura
Eu não sou uma notícia polêmica
Ou um copywriting bem feito
Pra você me comprar
Eu não sou uma influencer
Quase não uso maquiagem
Tenho preguiça de me arrumar
Ando sem grana pra comprar
Roupa da moda
Aliás, moda pra mim é vestir
O que me cai bem
Que é diferente do que cai bem
No corpo de quem não tem
O corpo que eu tenho
O gosto que eu tenho
Eu não desdenho de mim
Nem de ninguém
Porque sei menos que tantos
Ou porque escondo meus encantos
Tentando usar palavras fáceis
Gosto de verbos e substantivos táteis
Adjetivos vivos na memória de quem
Quase não lê, mas vive
Muito mais do que eu
Que vivo no mundo das ideias
Eu adoro poetas
Me inspiro em suas letras
Mas escrevo pra quem não é escritor
Gosto de falar de dor sim
De amor e sexo
E não de temas complexos
Para a maioria da população
Eu gosto de poemas com ação
Daqueles que correm nas bocas
De quem está aberto para aprender
Não escrevo pra quem quer me submeter
Às regras dos grandes escritores que vieram antes
Eu estou aqui agora
Não quero imitar o que há na memória
Sou eu que faço minha própria história
Ultimamente, tenho até tido
Um grande problema, confesso
Toda vez que começo a ler um livro
Nunca me livro da vontade de escrever
É tanta ideia nova que me vem
Que parece que vou morrer
Se eu não parar pra registrar
Antes que uma nova rima
Venha me assaltar
E eu sou tão louca por poesia
Que comecei este poema
Querendo falar de internet
Para o meu livro Chicletes
E cá estou falando de mim
Nessa rima sem fim
Mariana Valle, 24/08/2025
Inspirada ao ler o poema “Eu não…” do André Francisco Gil, o @Aefê Gil
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