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O tema de “Traidores” alude à traição aos amigos, à conjugal e à efetuada para obter ganhos políticos. Aos amigos, tudo! É a traição mais grave por desonrar princípios e faltar com a lealdade e a ética, abrindo caminho para que o desrespeito, a desonestidade e a canalhice ganhem corpo entre amigos considerados irmãos. Agravando se a amizade provém da adolescência, onde incide maior grau de pureza. A traição política sempre foi julgada inerente à prática, às negociações e aos acordos para se obter um denominador comum a qualquer preço ou fazer valer os interesses de quem detém maior força e poder. A traição conjugal deixou de ser o fim do mundo e perdeu o ar de tragédia, em face da mulher ter conquistado sua independência, liberdade e autonomia, podendo trocar de parceiro quando bem entender, a despeito do feminicídio ainda contaminar cabeças recalcitrantes. Portanto, não cabe mais apedrejar o traidor inveterado ou a traidora insuspeita: os incomodados que se mudem! Por uma simples razão: o casamento não prima pela satisfação garantida. E o fim do amor, por pelo menos uma das partes, seria o álibi da traição. Embora a esmagadora maioria não esteja de acordo e repugne a traição conjugal, se a ocasião faz o ladrão e o traído ainda ama o traidor. Atribuindo-se ao homem o passado que o condena como mulherengo e galinha, e à mulher, a arte de ser sonsa, manipuladora e ardilosa. Sem nos esquecermos da traição em sociedade empresarial movida à ganância, competitividade destrutiva e inveja, daí o capitalismo selvagem em maior ou menor tom.
“Traidores!” levou 16 anos para ser escrito pois exigiu de mim inúmeras pesquisas sobre a ditadura militar, varrendo os anos de 1964 a 1981, quando ela montou uma máquina voltada para sequestros, interrogatórios infindáveis, torturas de todos os gêneros, execuções sumárias ou não, e desaparecimento de corpos. São 13 cenas dentre 30 descritas em “Traidores!”, que correspondem a 42% do livro (63/151 páginas), para exclusivamente me deter e abordar as torturas na ditadura.
O monge budista Gustavo Alberto Correa Pinto já dizia que “a dissimulação é a ignorância que procura perpetuar a ignorância”. É o que permeia por todos os quatros cantos de “Traidores!”, quando eu me servi dos desmandos da ditadura militar para observar a dissimulação da prática de torturas impiedosas e hediondas em quartéis, com desvio de finalidade e no usufruto da ideologia do anticomunismo, de modo a perpetuar a ignorância e a falta de consciência política do povo brasileiro.
Cabe registrar que o terço final do livro (45/151 páginas) foi escrito dentro do clima sombrio da pandemia do coronavírus em 2020, mas que me permitiu maior tempo para reflexão, ousadia e arrojo, facilitado por evoluir no terreno do absurdo que grassava no planeta.
Embora o tema mais polêmico do conjunto de traições que arrolo no livro seja o da Canibalização da Amizade, cuja concepção surgiu em paralelo com a plêiade de traidores. Conheçam-na!
Por sua vez, os personagens da obra na contradança de suas atitudes e posicionamentos ratificam à exaustão Carl Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente é quem irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino”.