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SACRIFÍCIO DE SIMONAL FOI EM NOME DE VENCER O PRECONCEITO E A INTOLERÂNCIA

Em cartaz, “Wilson Simonal”, o filme que o retira de um ostracismo de 38 anos, entre vivo e morto. Um dos maiores ídolos de massa na década de 60, com seu enorme talento suingado e cheio de bossa, em “Nem vem que não tem”, “Mamãe passou açúcar em mim”, “Ninguém sabe o duro que dei”, até cair em desgraça na mídia por gabar-se de ser assim com os hômi da ditadura, depois de ter mandado torturar seu contador, sob o pretexto de que dera um desfalque nele – desmoralizante para um discípulo de Carlos Imperial. Havia um plano em curso de os militares liquidarem todos os que se declarassem com idéias parentes de comunismo. Alienado dos anos de chumbo, seguia seu lema: “Simona, ou você vai ser alguém na vida, ou vai morrer crioulo mesmo”. O filme de Claudio Manoel (do Casseta e Planeta), Micael Langer e Calvito Leal ratifica que Simonal se considerava mascarado e autossuficiente, em oposição à humildade do sambista de morro. Tinha o público nas mãos, uma classe média em ascensão, com acesso para o lobo mau comer as candidatas a Chapeuzinho Vermelho – inadmissível e imperdoável para os padrões morais da época, à direita e  à esquerda. Simonal era o rei da pilantragem, no terreno da música, apregoada como o descompromisso com a inteligência. Foi o que justamente faltou e pôs fogo no mito, quando banido pela classe artística e intelectual, aterrorizada com os gorilas na ignorância e no desplante de praticamente deportarem Chico Buarque e Caetano Veloso do país. Espalhara-se que Simonal era um delator, a exemplo de César de Alencar, famoso animador de auditório, que quebrara a banca da Rádio Nacional, isolando Mário Lago, dentre outros. Um período de grande confrontação ideológica que Simonal ignorou e o condenou à pena absurda, injusta e impiedosa de assistir aos shows dos filhos, anos mais tarde, escondido atrás das pilastras, para não comprometer o futuro dos meninos. Uma carreira artística cortada no auge. Tem certas pessoas que vêm ao mundo com uma missão. Afrontar o preconceito e a intolerância e pagar um tributo por isso, a grande missão de Wilson Simonal. Seu sacrifício não foi em vão.

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Antonio Carlos Gaio
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