Todos concordam que, a ter que morrer, é melhor morrer dormindo. Não sofre, não dói, não sente angústia, sai à francesa, sem pedir licença aos presentes, que ficam na saudade e no estupor. Para acordar no Plano Espiritual com uma cara de quem comeu e não gostou – em compensação. Sem ter tido a chance de conversar com Deus e pedido perdão na passagem, mercê de misericórdia por pecadilhos que nunca julgou tão sérios para partir o quanto antes. Se a morte não se digna a avisá-lo, já que isso é um assunto que não lhe diz respeito, você que trate de se mexer antes que morra dormindo, apesar de ser a melhor das mortes. Não cola se mostrar surpreendido com o seu fim, salvo se tinha pretensões à imortalidade. Desde que nasceu, virar pó não é figura de retórica bíblica. Portanto, não beba antes de dirigir, pois essa é a modalidade preferida de morrer dormindo.
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