O brilhante filme francês da cineasta e roteirista Justine Triet, de 45 anos, Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2023, e que concorre ao Oscar de melhor filme do ano, roteiro e atriz, com a alemã Sandra Hüller. O garoto de 15 anos, Milo Machado Granner, merecia um Oscar de melhor coadjuvante como filho do casal. Não é um filme de julgamento como aparenta ser. Suicídio, assassinato ou queda? A justiça e o público irão julgar ao longo da projeção. O que sobejamente está em jogo é a mulher ter uma personalidade mais forte, ser mais criativa, inteligente e angariar maior sucesso profissional, e o marido não suportar esse desnível. Com ambos competindo no meio literário em que se exige ideias, inovações e cabeça. O que nele suscitou inveja, baixa autoestima, consequente bloqueio e viver à sua sombra, culpando-a por seu insucesso e confrontando-a, o que a estimulou a trai-lo com outra mulher. Será que a liberdade assumida e o poder de uma mulher no casamento induziram ele a se matar? Por não mais suportar tamanho “massacre” moral. Ou ela não mais aguentava dividir o mesmo teto com quem nela depositava todas as suas frustrações? Ou simplesmente caiu do cavalo e morreu da queda? O que consta na literatura da personagem de Sandra Hüller, trazido à baila no julgamento para provar um suposto assassinato da escritora, transformam “Anatomia da queda” num confronto entre a ficção e a realidade, com o roteiro e os diálogos do filme prendendo sua atenção o tempo todo e não lhe deixando prever seu desfecho. Ficção e realidade estão sempre disputando entre si quem prevalece numa briga de foice e ainda é um tema que circunstancialmente aterroriza os retratados, quando personagens reais na trama.
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