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ASSÉDIO SEXUAL

Caiu mais um artifício do homem para assediar as mulheres no mundo nobre das artes: o teste do sofá. É verdade que o assédio sempre foi uma espécie de fantasma perambulando pelas alcovas secretas de Hollywood e onde há redes de tevê explorando telenovelas e séries. Uma prática que sempre fez parte das conversações iniciais que precedem melodramas e filmes de ação que, de tão incômodas, ninguém saía para dar a cara a tapa e apontar o dedo contra os tarados mais em evidência, em nome da moral e dos bons costumes, se o meio já era considerado pervertido pelo respeitável público.
O teste do sofá começou a ser desmoralizado quando Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow denunciaram episódios de assédio sexual e moral cometidos pelo produtor cinematográfico Harvey Weinstein, que transformava em ouro quase todos os filmes que produzia, além de revelar talentos que chegaram ao estrelato num pulo só, tornando-se um dos maiores magnatas do cinema.
Muitos pensaram que isso não daria em nada, porém mudou o contexto e o que era historicamente silenciado veio à tona. A sociedade já estava amadurecida para pautar essa questão. Quando poderosas trouxeram ao conhecimento público o caráter indecente dos que dirigem e produzem, utilizando-se de meios canalhas porque acumularam fortunas, poder e domínio do veículo, as outras vítimas perceberam que não estavam sozinhas. Numa onda que não vai ter fim. Por não se tratar apenas de uma questão de solidariedade, mas um efeito cascata que reflete uma catarse em grande estilo, que deflagra um processo psíquico e social desembocando em novos casos e nomes que pipocam nas redes sociais dia após dia, num movimento sem precedentes na indústria de entretenimento, atingindo até atores gays que assediavam figurantes.
A internet fez com que essas minorias, antes sistematicamente silenciadas, notassem que, unidas, poderiam se converter em maioria. As vozes outrora excluídas agora estão amplificadas. Como a de Patricia Arquette, em 2015, quando, ao ser premiada com o Oscar de melhor atriz coadjuvante em “Boyhood”, posicionou-se com um discurso pela maior ocupação feminina dos espaços e igualdade salarial para culminar hoje no desmanche do teste do sofá e do assédio sexual.
Não existe uma mulher que não tenha um relato a fazer de assédio ou abuso. Isso estava tão dentro do padrão da normalidade que as mulheres eram levadas a ignorar, parecendo que essa variável do estupro não existia e o assunto, intocado, fosse um tabu.
A palavra das mulheres sempre foi desacreditada deixando claro a conivência entre os homens para se protegerem mafiosamente, sob a desculpa de que tudo não passou de um mal-entendido, afinal de contas é a palavra de uma contra o outro, havendo que relevar o bom profissional envolvido… mesmo porque ele é meu amigo!

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Antonio Carlos Gaio
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