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CABEÇADA

Custou muito caro à França eliminar o Brasil. Deu azar, reforçando a idéia de que o fracasso vive à sombra do triunfo, como o diabo de Deus. Zidane foi do céu ao inferno ao realizar sua última partida como jogador na final da Copa. Abriu a contagem com um gol abusado de pênalti e brilhou, preparando-se para ser ungido como o melhor da Copa e levantar a Taça do Mundo como capitão do time. A seleção francesa impôs seu padrão de jogo à Itália quase a partida inteira; contudo, na prorrogação, duas cabeçadas de Zidane levaram-no a entrar em contato com o demo. Na primeira, a bola deveria ter beijado as redes e consagrado a vitória francesa. Na segunda, foi no Materazzi e tornou-o vilão ao ser expulso. O mesmo Materazzi que cometeu o pênalti e depois assinalou o gol da Itália. De cabeça. A mesma cabeça abusada que xingou as origens de Zidane e o fez perder a cabeça.
Melancólico encerramento de carreira para Zidane, ainda mais que Vieira e Henry não suportaram o ritmo da Copa e o terceto fez falta na cobrança de pênaltis, facilitando a tarefa para os italianos. Um castigo do nível da cabeçada. Resultado: tiraram o hexa do favoritíssimo Brasil para serem apenas vice. Essa forte geração francesa que está se aposentando merecia o segundo título e ingressar na elite dos vencedores ao lado da Argentina, mas ficou com o prêmio de consolação: um, dois, três, Brasil é freguês!
Por sua vez, a Itália faturou a Copa do Mundo pressionada pelo escândalo de manipulação dos resultados no campeonato italiano, que ameaça rebaixar os clubes milionários, além de incriminar a maioria da Azzurra – no caso do Juventus, vai para a terceira divisão e perde o bicampeonato conquistado. Havia que provar dentro das quatro linhas que eles são o mocinho do filme, ou melhor, os galãs. Uma final européia com a sua cara: burocrática, defensiva, racional, econômica. Que coisa chata a preponderância da inteligência sobre a fantasia!
Ao contrário do que dizia o poetinha, beleza não é fundamental. Mesmo porque as duas seleções de mais talentos individuais, Brasil e Argentina, voltaram para casa antes. Mas pode se encontrar beleza no chamado feio, pois quem não revela apetite fica insosso como a cara do Parreira chapada na seleção brasileira. Quem arrisca, como a seleção italiana na prorrogação com a Alemanha ao utilizar quatro atacantes, se torna belíssimo. Quem esperneia, põe o dedo na cara e xinga, pode parecer troglodita, como o Felipão, mas pelo menos vibra e demonstra vontade em ser vitorioso e não morrer de véspera como o peru. Feio de verdade é o estrategista Parreira, ao ter lançado antes da Copa o seu livro “Como comandar equipes vencedoras” – a raiz da derrocada.
No entanto, a melhor piada veio de Portugal. Como sempre. Miguel se contundiu contra a França sem avisar. Paulo Ferreira custa a entrar em seu lugar. Teve que calçar meias e chuteiras. Assistia ao jogo do banco de reservas confortavelmente descalço.
Equipes vencedoras? Mas se nem o Flamengo quer mais o Ronaldo quando ele vier encerrar a carreira. Os clubes do Rio se debatem com a ameaça da segunda divisão. Não há com que se preocupar, Adriano substituirá Ronaldo, chegou à Copa com cinco quilos acima do peso. Ronaldinho Gaúcho e sua arcada dentária não nos deixarão esquecer como iremos conviver com seu apagão em 2010. A reputação de Roberto Carlos ficou irremediavelmente manchada com a imagem de agachar para ajeitar as meias enquanto a França fazia seu gol. Cafu deu as costas para a própria biografia. Felipão, ativo; Parreira, passivo. Renovação, a saída. Por que não formar uma seleção que vá na bola como se fosse um prato de comida? Parreira não recomendou enterrar o defunto? É o que devemos fazer o quanto antes.

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Antonio Carlos Gaio
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