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O ZÉ-MANÉ

O zé-mané pensa que é, mas não é. Finge ser o que não é para ele mesmo acreditar que um dia pode vir a ser. Bota uma banca para todos acreditarem no peixe que está vendendo. Ou, ao menos, ficar com o benefício da dúvida.
A depressão é a companheira fiel do zé-mané quando vê seus sonhos e pretensões partirem em busca de um manuel ou joaquim, desde que não seja um zé-ninguém.
O zé-mané se transforma num jacu quando fracassa profissional e afetivamente, obrigando-o a se valer de uma mulher forte para forjar um sentido para a sua vida, ao que ele retribui com a prestação de serviços. Como um dia já possuiu uma bagagem intelectual de respeito e agora chegou ao fundo do poço, ver o zé-povinho se dando bem lhe dá coceiras no corpo.
O que ele gostaria mesmo é de ser vip: viajar de primeira classe, hospedar-se em hotel de cinco estrelas e saborear iguarias finas. Como esse mundo está fora do seu alcance, acaba por desenvolver um ódio dos ricos. Mas não dá um passo rumo a seus sonhos de consumo, pois sabe que é incapaz de mudar seu destino.
O verdadeiro zé-mané é aquele que sempre acha que os outros é que são:
– Se esses manés soubessem quem eu sou, não me demitiriam. Não conhecem minha história nem fizeram questão de conhecer. O que não pode é falar de fracasso levianamente. Mas eu não guardo ressentimentos. Se me quiserem de volta, eu aceito.
Fala demais e depois queima a língua. É contra o casamento e um belo dia aparece de aliança. Apregoa que vai correr o mundo, mas só consegue subir a serra. Planeja uma vida alternativa e termina como gerente de banco. Enche a boca para enumerar as gostosas que caíram na sua lábia, mas é visto sempre sozinho.
O zé-mané é bonzinho para dar a impressão de que não vai mexer na estrutura da vida dela, já que se meter onde não é chamado não faz parte do seu repertório. Contudo, os quietinhos são os mais perigosos, podem funcionar como plantas carnívoras que devoram com seu furor sexual esporádico.
É na sexualidade que o zé-mané demonstra o seu talento. Só o fato de conseguir arrancar de sua relação de arrimo pitadas de sexo já é lucro. De resto, engole sapo e aceita esporro, desde que ela ceda na cama. Esse domínio, mesmo que efêmero, alimenta o zé-mané. Ele fica esperando quando será a próxima vez e, se ela deixar, o êxtase vara a noite. Seria como o eunuco recuperar o pênis para dar prazer à sua rainha.O problema do zé-mané é baixa auto-estima.

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Antonio Carlos Gaio
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