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CAPÍTULO XXIV – LEMBRANÇAS DOS TEMPOS DE MENINO

Eu tenho um amigo do Colégio Mello e Souza, Gofredo Moreira, que, como preâmbulo de alpinista em que iria se converter, da janela de sua casa, vislumbrava um circuito sobre muros e platôs dos prédios vizinhos. Até que um dia, após vencer boa parte do circuito imaginado, percebeu que havia encontrado uma inviabilidade. Quis voltar e descobriu uma verdade do alpinismo: desescalar é mais difícil que escalar. Em suma, não conseguiria voltar nem seguir adiante.
Tracei um paralelo com minhas escaladas, abundantes apenas em sonhos, que refletiram na minha juventude exatamente o mesmo problema enfrentado pelo alpinista na vida real: não conseguir voltar sob o risco de despencar lá de cima (do sonho). Não dar conta de onde tinha chegado, no afã de subir cada vez mais sem observar as circunstâncias que punham em risco minha integridade. É quando sobrevém o medo, ao cair em si e se ver no impasse de como descer o tanto que tinha subido. Paralisado de terror e suando em bicas, o melhor a fazer era despertar do pesadelo e retornar ao solo seguro – a cama. Riscos próprios de uma idade de assumir embates desproporcionais e não medir consequências, mas que deixam saudades, pois, à medida que envelhecemos, as lembranças mais claras, diria cristalinas e as que mais impactam, são as pertinentes aos tempos de menino até os idos de 15, 16 anos – as últimas a serem apagadas.
Justamente por conta da pureza d’alma ainda estar pulsando, antes de atingir a maioridade, podendo deixar marcas de sua proeminência no ser adulto.
A vigésima quarta intervenção espiritual, em 8 de julho de 2016, se iniciou com cânticos para abrir caminho para os espíritos curadores e a leitura do item 1, 2, 3 e 4 (“Deixai vir a mim as criancinhas”) do capítulo 8 (“Bem-aventurados os puros de coração”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
A pureza do coração significa excluir o egoísmo e o orgulho. É por isso que Jesus torna a infância como símbolo da pureza de sentimentos e da simplicidade, pois a criança, não podendo ainda manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da candura e da pura inocência. Para a mãe, a criança é sempre um anjo. Ela não teria o mesmo devotamento se, sob os traços infantis, sobressaísse um caráter viril decorrente do conhecimento de seu passado. Mesmo porque não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, dadas as limitações do corpo. Não é outra a razão de que, na proximidade da encarnação, a consciência de si mesmo é apagada para que, em sua existência terrena, não possa vir a atrapalhá-lo, embora sustentado e acompanhado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
Por isso, o reino de Deus ser voltado para aqueles que se assemelham ao sentimento puro das crianças que, em sua rica mente, imaginam poderem voar, saltando de telhados e de topos de prédios para abraçar o mundo com as pernas.

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Antonio Carlos Gaio
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