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CAPÍTULO XXIX – POSSO SER MELHOR DO QUE FUI ATÉ AGORA

Meu pai morreu em 1979 sem eu estar presente à sua cabeceira. Eu havia me candidatado a uma bolsa de dois meses sobre Administração Tributária em Paris e, transcorridos cinco anos, finalmente fui selecionado. Eis que meu pai me surpreende, quando se dirige ao meu local de trabalho para se despedir de mim. Mostrava-se muito ativo trabalhando todo dia na Fundação Marietta Gaio, inclusive sábado e domingo, e dirigindo seu próprio carro, apesar de cada vez mais necessitar de balão de oxigênio em consequência do enfisema que o obrigou a extrair parte do pulmão 13 anos atrás. Parti com o coração afogado no dilema entre não ter optado por ficar ao lado de meu pai e sido egoísta e ele não dar sinais de que seu estado de saúde iria se agravar. E com drama de consciência se eu não estaria agindo assim por ter faltado entre nós, durante o meu crescimento na adolescência, um espírito amistoso e de paz e boa vontade, que só veio a nos abraçar depois que meu irmão morreu e a desgraça se abateu na família. Contudo, preocupei-me seriamente quando, na França, recebi uma carta de meu pai, completamente contida e sem maiores detalhes, embora fato notório em sua personalidade. Se eu tivesse de lá telefonado, ele certamente teria minimizado. Até que, em viagem pelo curso, meu pai me avisou da sua morte no dia e hora correspondente à do Brasil no exato momento em que exalou o último suspiro. O aviso materializou-se através de um telefonema transverso de uma guia de turismo chamando-me pelo serviço de som do hotel, o que me deu a certeza do desencarne de meu pai. Tanto que telefonei para o Brasil e a morte foi confirmada no dia e hora avisados.
Fui movido para me distanciar dele em momento tão crítico. Arrastado para domínios estrangeiros de modo a me mostrar o que eu não conseguia ver. Eu o senti lá, presente, inteiro e íntegro, como até hoje, a provar que eu posso ser um homem melhor do que fui até agora.
A vigésima nona intervenção espiritual, em 28 de outubro de 2016, se iniciou com cânticos para abrir caminho para os espíritos curadores e a leitura dos itens 4 e 5 (“Injúrias e Violências”) e 6 (“A afabilidade e a doçura”) do capítulo 9 (“Bem-aventurados aqueles que são mansos e pacíficos”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Melhor, muito melhor a doçura, a moderação, a mansidão, a afabilidade e a paciência do que o ressentimento alimentado durante anos. Do que a cólera, o escárnio gratuito e a expressão descortês para com os nossos semelhantes. Ou mesmo cuspir e virar o rosto para demonstrar seu desprezo pela má conduta de certas pessoas.
Contudo, o mundo está repleto de pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são mansas sob a condição de nada lhes machucar, mas que mordem à menor contrariedade. Não basta que os lábios falem leite e mel; se o coração nada tem a ver com isso, trata-se de hipocrisia. Uma simples palavra pode ser grave o suficiente para ofender o clima que se procura de concórdia e união, prejudicando a benevolência recíproca e a fraternidade.
Se os bens da Terra já foram e são um privilégio exclusivo dos quais os violentos se apossaram e se aproveitam em prejuízo daqueles que são mansos e pacíficos e que, frequentemente, não têm o necessário, enquanto aqueles possuem em excesso. Desigualdade, desequilíbrio e injustiça que abundam no mundo e urgem ser corrigidos em contraste com a busca incessante pela paz.
Foi-se a precisão cronológica de quando meu pai me avisou de sua morte e ficou a impressão firme gravada na minha alma, no instante em que ele voltou a me contatar através de meu computador – o fenômeno da transcomunicação – em 28 de abril de 2015, no qual no último parágrafo da mensagem dizia: “Nada se realiza sem a dificuldade educadora; todos precisamos destes aprendizados para que os laços se fortaleçam mais”. Em 1996, em minha viagem à Ásia (Tailândia e China), meu pai começou a me assistir quando dei meus primeiros passos para me envolver com outras vidas em espírito e abraçar a espiritualidade, registrado em livro (“Parábola de um Novo Tempo”), que, estranhamente, até hoje não consegui publicar.

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Antonio Carlos Gaio
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