No escurinho do cinema.
Na fila da bilheteria do cinema, deixar para abrir a carteira só na boca do caixa. E mesmo assim, tirar as notas uma por uma, com a lerdeza que só um maníaco sovina consegue, pouco se importando com as pessoas atrás.
Casaizinhos que têm de tecer comentários o filme inteiro, geralmente com o homem dando aulas de cultura cinematográfica à cara-metade.
Compulsivos munidos de baldes de pipoca e refrigerante que nos obrigam a compartilhar de sua escandalosa mastigação, neurose agravada pelo abre-e-fecha contínuo das embalagens.
Os manés que chegam atrasados à sessão e ainda querem escolher o melhor lugar, ficando na sua frente.
O povo da bexiga nervosa e seu constante “dá licença?” a cada senta-e-levanta.
A insensibilidade dos espelhos sem aço que ficam plantados ao término do filme, impedindo a visualização dos créditos finais.
Os pombinhos que não param de se agarrar um minuto sequer e nem ao menos convidam para participar.
O espaçoso da fila de trás que te chuta cada vez que muda de posição.
O cara que obriga todos a olharem para a luz azul do seu moderníssimo celular.
A arte da flatulência em conflito com a sétima arte.
Pessoas que sentam grudadas em você mesmo com o cinema vazio.
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