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DNA DA HONESTIDADE

Ethiene, uma cara-de-pau que opera a sangue-frio. O motivo do assalto foi o dinheiro da venda de uma propriedade do pai guardado no cofre de casa. Para se defender, a pré-balzaquiana alegou precisar de tratamento psiquiátrico, mentindo descaradamente sobre namorar um bandido menor de idade com passagens pela polícia. Namorou por pena dele e da mãe viverem de cheque-cidadão. É a primeira vez que programas sociais do governo servem de álibi. Mesmo sendo ameaçada pelo namorado para consumar o roubo, continuava sonhando em se casar com ele. Canastrona que só ela, fez toda uma encenação quando foi encontrada pela polícia, chegou até a simular um desmaio.
O pai se orgulha da filha criada com o DNA da honestidade, ao mesmo tempo em que cai na contradição da dor da decepção, maior que a das facadas. A solução para livrá-la da cadeia é considerá-la mentalmente insana, condicionada ao aval do Pinel.
Tudo indica que o papel de grande vilão vai parar nas mãos do namorado. Mais palatável para a sociedade associar uma ação criminosa e premeditada a um menor com histórico duvidoso. Afinal, Ethiene possui o DNA que só os filhos das classes média e alta estão autorizados a possuir. Ninguém a questiona de ter empurrado o neguinho para o caminho do mal.
Murilo Salles no seu filme “Seja o que Deus quiser” aborda a mesma questão. A condição de pobre vai empurrá-lo de encontro a uma punição exemplar para ensinar esses favelados a nunca mais se meterem com “gente de bem”. O pessoal da comunidade não pensa assim. Bandida é ela, que planejou tudo. Como pôde fazer isso com os próprios pais? Aquela carinha de artista não engana a ninguém.
Será que é o amor, mesmo travestido de sexo, sensualidade e atração fatal, que junta os pedaços da cidade partida de Zuenir Ventura? Ou é a miscigenação que avança inexoravelmente para se vingar das macumbas de brancos que jogam água no chope de vitoriosos no amor? E por que através do trambique, do assalto à imagem de pai e mãe, desonrando a família como um todo? Será que a estima da “gente de bem” baixou em função de tanta falta de ética para manter seus falsos privilégios? Ou será que subiu o elevador da estima dos renegados à sua própria sorte e começaram a cruzar o Mar Vermelho rumo à Terra da Promissão?

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Antonio Carlos Gaio
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