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ENCRUZILHADA

Ronaldo, o jogador mais pesado do mundo se levarmos em consideração a fama. Transformou a Copa em Spa ao baixar de 95 para 90 kg, distante dos 82 em 2002. Mas desenterrou o morto e ressuscitou Lázaro quando até fez gol de cabeça, logo em cima de Zico, um pé-frio em matéria de Copa: perdeu três como jogador, uma como supervisor e outra como técnico do Japão.
O período iluminista forjou a França como o berço da cultura do processo civilizatório, fama que desfruta até hoje. O que não a impediu de fazer uso do vodu para ganhar a Copa de 98 e enrolar a língua do Ronaldo em meio a uma convulsão que atingiu a alma do torcedor brasileiro. A vingança dos nossos pais-de-santo não tardou e a França deixou de ganhar nas copas seguintes, com uma postura tática covarde que envergonhou o orgulho gaulês – a Lei do Retorno.
Contudo, Ronaldo perdeu o gosto com o amor, assumindo uma atitude distante em relação à mídia que encheu sua paciência. Descuidou-se, foi empurrando com a barriga o tempo mais do que suficiente para perder peso e adquirir uma forma digna de uma Copa do Mundo. Até desencantar com dois gols contra o Japão, calando a boca de críticos que não têm fé em Deus.
Por mais que tentem demonstrar o cientificismo na evolução do futebol, o que ainda prevalece é o amadorismo da emoção e do drible para desmoralizar o adversário – o sentido da pelada predominando sobre a rigidez tática. Pelo menos para o futebol brasileiro e africano. Foi pensando assim que Parreira jogou pro alto as camisas titulares e é claro que os reservas chegaram primeiro e se escalaram. Se os argentinos não sabem onde enfiar Tevez e Messi no time titular, imagine nós com Robinho, Juninho Pernambucano, Cicinho, os dois Gilbertos…
Parreira, você provou que não é teimoso nem conservador, conforme se pensava. O time que entrou contra o Japão quebrou a nossa cara. Em compensação, agora que a Copa do Mundo começa para o Brasil na fase mata-mata com Gana, o destino te colocou numa encruzilhada. Ou você mantém coerência com seus princípios aplicados na Copa de 94, que ganhou com um time retrancado, ou arrisca-se a corrigir a injustiça da Copa de 82, reproduzindo o verdadeiro futebol brasileiro com um poder ofensivo que faz a alegria do povo e encanta o mundo inteiro.
Está em jogo o medo de perder em conflito com a beleza do espetáculo.

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Antonio Carlos Gaio
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