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ÉRAMOS TÃO AMIGOS!

Por que fez isso de se afastar de mim, de se calar e de ignorar nossa amizade? Éramos tão amigos! Só porque brigamos face às nossas irreconciliáveis diferenças políticas? Eu diria mais, nossa visão de vida! Você tão pessimista e eu ardoroso defensor da fé e da boa vontade até que se prove o contrário. Você mostrando-se tão indignado com a corrupção e eu rendendo-me à crua realidade de que todo homem tem seu preço. Eu apostando na capacidade que o amor tem de abrir todas as janelas e você pouco receptivo por temer que as mulheres venham a te trair. Você indignado com a queda de qualidade das coisas no mundo, materiais e imateriais, e eu concordando, mas ressaltando que a evolução exige que nos adaptemos aos novos padrões senão nos deterioramos. 
Deixei de querer saber o motivo de ter ido embora.
Por você guardar tantos preconceitos, apesar da vida tê-lo lançado num buraco sem saída e nem assim aprendido. E eu não sabendo me conter, arrastado pela sinceridade que tanto machuca com palavras que se transformam em tiros bem dados e certeiros. Instigado por você no autoelogio ao seu bom senso, afiada lógica e pura inteligência. Sem enxergar no seu todo a imagem do fracasso, evidenciado por nunca fazer planos e sequer apostar em você. Eu querendo ver em mim o seu reconhecimento quanto à minha trajetória, enquanto você prefere se ver no espelho, até para concluir que é uma obra mal-acabada e pôr a culpa em Deus. Que importa, se ateu és? Muito embora a morte o assuste sobremaneira, pois sua falta de crença em tudo o deixa, particularmente, ressabiado nesse limiar.
No entanto, eu lastimo esse não nos falar mais que se ratificou 30 anos depois. Não poderia saltar aos olhos um outro desfecho? Não é possível que divergências não se transformem em convergências se nós nos queremos tão bem! Se nós soubéssemos contornar o que nos afasta. Se, um com o outro, somos tão pacíficos. As querelas ao lixo as atiramos, por serem inúteis e em nada contribuírem. Mas nós vivemos das palavras, dependemos da palavra e não sabemos expressar as saudades senão por meio das palavras. Só se fizéssemos um acordo para não tocar em certos temas e evitar certas palavras. Contudo, não saberíamos nos comunicar em silêncio, não seria próprio de nós.
Pior é que levou consigo a impressão de que nunca te quis bem e eu, a certeza de que nada irá demovê-lo de si mesmo. Da armadilha em que se meteu. Nossa conversa fica postergada para outro plano, em outra referência, de espírito desarmado.

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Antonio Carlos Gaio
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