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ESTUPRO, ABORTO E VIDA

Se Lula não está autorizado a fazer proselitismo político sobre teologia, do mesmo modo o arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, deveria pôr os pés fora do nicho da Igreja e se atualizar mais quanto ao espantoso quadro de meninas estupradas, com idade inferior a 12 anos, por padrastos que se aproveitam da mulher trabalhar fora e abusam das enteadas, dando vazão a fantasias de caráter incestuoso. Mãe e filha à sua disposição, como se fossem prostitutas em sua mente doentia, além de as manterem em cárcere privado, sob ameaças, no caso de pensarem em denunciá-lo à polícia.
As mulheres são observadas, esquadrinhadas, perseguidas e humilhadas pelos estupradores. Quando não objeto de seu ódio pelo mundo, por tê-los feito tão micróbios e patogênicos, espancando e matando-as para nunca mais verem sua imagem de assassino refletida no rosto da vítima. O gozo extraído do sexo misturado à violência requer o aniquilamento, numa tentativa de sufocar o inconformismo de não ser um sujeito viável para o amor. Ceder, sob o emprego da força, é aceitá-lo. Finda a fantasia, estrangula-se a realidade.
Por isso, o estupro cometido dentro do lar pode ser considerado até um atentado pior, por se configurar cínico, continuado, hipócrita, torturante, destruindo a vida em família e perpetuando o trauma. O resultado é que as mulheres ficam desmoralizadas, amedrontadas e sem alternativa.
Dom Sobrinho não entende é da vida. Cedo, a família se desestrutura em função de separações e novas uniões se formarem, não precisando mais se casar para juntar os corpos. Não existe freio moral que recoloque o casal nos trilhos, mesmo porque hoje o amor viaja no espaço virtual e não fica mais no mundo da lua. Dom Sobrinho é um mero feitor de regras e a Igreja desconhece em que consiste a sexualidade, desde que proibiu os padres de contraírem laços matrimoniais e o sexo virou pecado, em troca de conferir maior solidez ao casamento, em torno de arranjos patrimoniais, centrado na monogamia. Em conseqüência, de lá para cá, o homossexualismo sempre se fez presente no meio do clero, com a alta hierarquia da Igreja de Roma procurando abafar transgressões de toda sorte, sob o manto da Inquisição, até explodirem no século XX movimentos de liberação sexual e de paz e amor, que originaram o surto da pedofilia. Dom Sobrinho não mergulhou nesse capítulo nos seus tempos de seminarista, mais preocupado em um dia demolir o mito Dom Hélder Câmara e sua Igreja da Teologia da Libertação.
É justo punir a mulher que aborta pelo crime de um estuprador? Se é uma violência, por que gerar um ser que ela pode vir a rejeitar? Será que irá amá-lo como ama a seus outros filhos nascidos do amor? Não querem um filho marcado pelo mal por um anormal que nunca viram antes. Um problema que só atinge os pobres; os ricos nem discutem, pagam e se livram da semente do estuprador nas suas entranhas, sem a menor culpa nem preocupação com o instituto inquisitório da excomunhão.
Não pode ser uma bênção de Deus a gravidez fruto do estupro. Se o filho não for abortado, poderá se transformar numa assombração no seio da família pelo passado impossível de se enterrar. A gravidez, você escolhe no momento de ser mãe; por que carregar no ventre um filho que não quis?
Se retrocedermos à Pré-História, à raiz mater do homem, ambos têm a mesma procedência e identidade, estuprador e Dom Sobrinho. Se Dom Sobrinho quiser mostrar-se útil, deve sair de si mesmo e integrar-se no mundo, no real, no dia-a-dia.
Se o Papa fosse mulher, o aborto seria legal.

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Antonio Carlos Gaio
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