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HOMOFOBIA

O meio do futebol é o campo mais fértil para o homem demonstrar sua aversão ao homossexualismo. Para honrar a camisa de um clube, tem que provar, aliado ao talento, que é homem, é macho, não pipoca, entra duro, não amarela, que riscou do baralho o maricas, o traíra, e o bajulador. No máximo, colocar a mãe no pedestal e beijar o santinho, futebol é coisa pra homem. O drible, a ginga de corpo e o sapatear de raiva não associam a balé. A mulher é que tem de se enquadrar à vida nômade do craque, cabe a ele apenas não tirar aliança nem para lavar as mãos. Ela deve fazer vista grossa, não exercer marcação severa e deixar o tempo passar. Quando se separar, não aflorar uma sensualidade que o recato do casamento encobria. Acima de tudo, o importante é suplantar as deficiências de origem e suprir as carências de seu percurso, de forma a alcançar uma respeitabilidade e prestígio jamais sonhados na infância.
E fazer jus ao palavrão de homofóbico.
Por que não há espaço para os gays dentro das quatro linhas no futebol? Será que existe o receio de um surto epidêmico de pedofilia? A exceção aos árbitros se deve ao fato de serem depositários da catarse da ira do torcedor face a derrotas? Uma válvula de escape? O esporte não convida a manifestações que se encaixem como frescuras, quando abandona seu time nas derrotas e bandeia-se para paradas mais seguras. O ambiente é cruel, circulam pencas de maldades, cada cacho obscurece o talento dos jogadores.
Fora das quatro linhas, porque dentro, o prazer da gandaia realça o brilhantismo de seu futebol. Atiçando a má-vontade crônica de cronistas esportivos, irrealizados em seus casamentos, trajados de pijamas, enquanto os jogadores põem a madrugada de joelhos para nela encaixarem seus gols.
Porém, na medida em que os jogadores de futebol viraram midiáticos, celebridades que desempenham um papel em cena, dentro e fora das quatro linhas, com fartas somas de dinheiro investidas neles, gol e sexualidade estão intimamente associados. O orgasmo do gol e do sexo atingem a mesma escala Richter, a orgia das posições sexuais encontra paralelo nos esquemas táticos do futebol, basta dizer que se pode abrir as pernas para resultar no gol. A lista é longa, “eu vou encher a boca do balão”, quando se quer golear; “vou cair de boca”, quando é grande a pressão sobre o time contrário; e o que não dizer do “vou entrar com bola e tudo!”. Claro que existem faltas grosseiras, pontapés, tapa na cara, mas qual o amor que se prolonga e não cabe uma rasteira?
O entendimento começa no banheiro, quando todos ficam nus e se abraçam, regozijando a vitória. Não mergulham juntos na banheira térmica porque só cabe um. Não é por outro motivo que não permitem a entrada de mulher no vestiário. Iria estragar tudo.
É por isso que quando o juiz apita o término da partida, começa outro jogo. Tabelinhas e passes em profundidade rendem frutos com as bolas que irão meter no saco.
Se tá bom assim, pra que casar? Por que não dispensar a primeira-dama? Afinal, ela acaba por se constranger ao longo do casamento, diante de tanto acordo por baixo dos panos para elevação do padrão de vida. Pode sobrar pra ela, o swing é imoral, ganha-se na primeira esquina, chafurda-se na seguinte.
No tocante ao prazer, os jogadores confundem o canal dos sexos, inconscientemente. O choque da mudança de status os confunde, ao mesmo tempo em que libera geral seus instintos, o poder do dinheiro permite. A mídia funciona como freio.
“Perdoai, não sabem o que fazem”. São maiores de idade e não se pode passar a mão em suas cabeças. Não há que ser paternalista, o público, se calçasse chuteiras, não faria melhor. Com o dinheiro que ganham, imitem Woody Allen no filme “Trapaceiros” e contratem um personal cultural e comportamental para enfiar em sua cachola que são objetos da mídia. Atores do maior espetáculo esportivo da Terra que vendem jornais e revistas como ninguém, ao virarem manchete.
Os homossexuais insistem na tese de que, por não termos o sexo perfeitamente definido, todos somos gays no infinito da beleza e da liberdade. Exageram para aumentar a adesão, ao explorar os indecisos, os que temem em se defrontar com a hora da verdade. Mas o meio do futebol, xiita na homofobia, ao se intercruzar com a fama e badalação, transborda contradições e atos falhos, uma confissão clara de não mais se manter atado a uma formação conservadora que não permita se deleitar com as delícias da modernidade e do que o mundo possui de melhor para oferecer. Seja o que for e de onde vier. E se Deus quiser, como eles repetem ad nauseam.
Os antigos playboys, que se transformaram em dinossauros, não seriam páreo para essa moçada. Faltaria-lhes sentido de competição e malícia para enganar o adversário. Há que ser um verdadeiro campeão, ou melhor, pentacampeão, para caminhar sempre em direção ao gol, o verdadeiro alvo, em busca do prazer.

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Antonio Carlos Gaio
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