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DEPENDÊNCIA DE MUROS

A invenção do avião tornou obsoletas as fortalezas. Fulminou-se a obsessão por encerramento, em manter os forasteiros longe de seus redutos. Muros delineavam os limites do que era proibido se ver e ouvir tudo que vinha de fora. Representavam fechamento, inviolabilidade de suas crenças. Se ampliado o alcance da fé, o escudo protetor de seu mundinho, da sua unidade, da identificação. Ou você se defendia ou sucumbia, era certo que alguém iria te matar.
Como o mundo avança retrocedendo, uma nostalgia dos muros se abateu na 2ª Guerra Mundial com o gueto de Varsóvia, erigido pelos nazistas. A isolar os judeus, transformando as perseguições acumuladas ao longo dos séculos num verdadeiro estigma, o holocausto carimbava em definitivo. Até o espírito de Auschwitz baixar em Ramallah isolando os palestinos com um muro de 110 km, em resposta aos homens-bomba trucidando gerações em ônibus, restaurantes e hotéis. Aumentando o risco-Israel com a perda do capital da simpatia, da admiração e do respeito que o povo judeu mereceu por existências sofridas.
Está em jogo a lei das compensações. Se, em nome dos exterminados e cremados, seus descendentes biológicos têm direito a uma guerra desproporcional entre judeus e palestinos, fazendo outros padecerem o preço que eles já pagaram, repetindo os mesmos excessos, crimes e abusos.
Muros que se foram, muros que ficam, muros que se constroem.
A vulnerabilidade aos invasores estrangeiros – de Gengis-Khan a Napoleão e Hitler – fez com que a União Soviética erguesse a Cortina de Ferro através de seus países-satélites, protegendo a fronteira ocidental, outrora desguarnecida. O Muro de Berlim, o seu maior símbolo, contra o qual os Estados Unidos bradaram em nome do mundo livre sem barreiras. Da liberdade de expressão sem censura. Combatendo o controle da imigração em troca da importação das cabeças mais brilhantes, a serviço da democracia. Se comunista, lavagem cerebral através de um bom salário e bens de consumo.
Nem bem terminaram com a maquiagem de Berlim Oriental, desaparecendo com os vestígios de uma ideologia invertida, a exemplo do que Israel fez na Palestina ao colonizar a Faixa de Gaza, bloquearam a fronteira com o México com uma cerca eletrificada. Para impedir que aumente o já predominante caráter hispânico na população da Califórnia. Para sufocar eventuais sinais revanchistas quanto à perda da Califórnia e Texas, através de governos corruptos mexicanos que os venderam ou retalharam a preço de banana.
A idéia que restou para os Estados Unidos, depois de 11 de setembro, é de sufocar focos revoltosos de caráter islâmico. E viver no desfrute de paranóias. A tendência de cercados, fossos, trincheiras e fortalezas é se transformarem em muro das lamentações, caso o homem permaneça firme como uma rocha, inflexível, de pé. Como uma muralha.

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Antonio Carlos Gaio
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