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MANDONA VERSUS AUTORITÁRIO

Homem autoritário e mulher mandona. Quando ele é mandão, encara-se como uma qualidade de quem sabe o que quer e como se impor, um verdadeiro líder. Se a mulher manda, é vista como um ato de excrescência. Pelo homem. Como se ele fosse meigo, dócil, cordato e suave. E, em contrário, a mulher fosse áspera, indomável, autoritária, no meio de tanta candura.
Se a mulher tem personalidade forte, com convicções formadas sobre assuntos que domina, é porque é intransigente e apegada a seus pontos de vista. Com perda substancial de sua feminilidade, abrindo caminho para ser tachada de mulher-macho. Quando não, mal-humorada e à beira de um ataque de nervos.
Sublima a realidade em meio a essa frustração com os homens, realizando-se no trabalho e no cuidado com a aparência, se não no corpo, ao menos na elegância adequada ao tipo. Meditando enquanto mergulha nas profundezas do seu interior para capturar o espírito indômito do qual os homens têm medo. Se sentem ameaçados porque elas são francas, externam opiniões de forma absolutamente clara e direta, brigando por elas. Parecendo a eles guerreiras.
Mandar é confundido com guerrear, atributo exclusivo do homem que se estendeu da caça pré-histórica, para dar o que comer à tribo, até a conquista amorosa. Se a mulher reage, é em função de uma ditadura do homem em não querer enxergar a mulher de outra forma. De senti-la como uma estranha em seu paraíso, que virou inferno.
A consolidação da mulher no mercado de trabalho tirando o homem de seu lugar cativo num extremo; no outro, a reversão do recato ao orgasmo múltiplo quando bem lhe aprouver. Funcionam como uma guilhotina a cortar sua iniciativa e segurança, irritando-o na busca de um tempo perdido em que procura resgatar sua autoridade. Quando ser autoritário representava firmeza de ponto de vista e pleno domínio da situação.
As mandonas deram um basta aos que acabam por se revelar trogloditas sob o mesmo teto. A não aceitar intimidação de truculentos que se arvoram em paladinos da moral para manter a família do jeito que ele quer. A primatas sem a mínima noção do que vem a ser diálogo, produtos de uma criação que os tornou deficientes que exploram a predileção das mandonas por consolos, por absoluta falta de alternativa.
Mas só estúpidos são incapazes de mudar. Pois se não temos capacidade de ouvir o outro, admirar a faculdade de argumentar, de ter prazer no debate e troca de idéias, é porque somos estúpidos. Mudar é um diferencial importante na natureza humana. Mudando se constrói cultura e civilização.
Na arena, mandona versus autoritário. Em franca oposição, necessitando de um diálogo comprometido com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, afinal, ambos provêm da mesma massa e precisam se complementar para alcançar uma realidade inteligível. Em que fraquezas, medos e inseguranças sejam evidenciados para saber quem são os autoritários e as mandonas.
Caso contrário, cantarão em dueto Chico Buarque em “Pedaço de Mim”: Ó pedaço de mim! / Ó metade afastada de mim! / Ó metade exilada de mim! / Ó pedaço de mim! / Ó metade arrancada de mim! / Ó metade de mim! / Ó metade adorada de mim! Que eu não quero levar comigo.

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Antonio Carlos Gaio
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