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MAURICINHOS NA POLÍTICA

O Colégio do Caraça já teve tradição na história da educação, como o mais famoso e cobiçado de Minas, cuja rigidez e disciplina teciam uma severa moral pautada por uma religiosidade no mais clássico latim, orgulhando famílias diante do caráter impregnado em seus filhos. Um legado presente na formação de juristas, políticos, chefes de clãs que construíram uma maneira de ser homem que impunha respeito, austeridade e ilibado saber. Pelas venezianas de janelas fechadas e frestas de portas entreabertas, o Colégio do Caraça tencionava revestir de honra e brio o estudante cuja ingenuidade demandava um escultor para esculpir um tesouro: um exemplar pai de família, provedor, clerical, sábio juiz, um cultor da virtude. De seus bancos saíram pessoas ilustres no cenário brasileiro como os presidentes Afonso Pena e Artur Bernardes, dezoito governadores de Estado e dezenas de senadores e deputados mineiros.
A influência do Colégio do Caraça no refinamento desses costumes já se fazia sentir no tempo do império na formação de lideranças políticas em contraposição à maré de ambições desencadeadas pelo ciclo do ouro que ameaçavam desagregar a sociedade mineira, querendo descaracterizar seu espírito de bom senso, moderação e equilíbrio. Atento ao resguardo da unidade da República do separatismo, em seu invólucro conciliador, o Caraça tentava a mágica de ser conservador sem transparecer retrógrado.
O Colégio do Caraça como o perfil psicológico a ser adotado pelos mauricinhos na política. Indicativo de uma frente única que está sendo organizada contra Lula visando as eleições de 2006. A exemplo da brigada comandada por Cesar Maia contra Garotinho quando desencadeou uma campanha suprapartidária e sem ideologia, vestindo uma hidra de setes cabeças no clã Garotinho que se encaixou como uma luva. Não que o Garotinho não merecesse, com suas políticas de pudim a um real, só que Caesar usou das mesmas armas empregadas no discurso de crente da Rosinha em campanha, maniqueizando na figura do diabo o que o garotinho acabaria por fazer com o lindinho do Lindberg. Dai a Cesar o que é de Cesar exalta a figura do autocrata que não respeita partidos e se aproveita da liberdade partidária.
A idéia dos mauricinhos é anular o carisma de candidatos, secar a demagogia e pasteurizar o discurso crente. Política vai significar administração eficiente, a boa gestão o grande diferencial, o orçamento no azul, os pagamentos em dia, incluindo os juros da dívida. Na linha de frente, Alckmin, adepto de Santo Agostinho, o não tão comportado Aécio, que anuncia déficit zero na herança de Itamar nos aviões que chegam a BH, e Jeressaiti, aquele que não pode dizer tudo que pensa como Ciro Gomes e falar mal do Sul-maravilha ao ter sido preterido pelo antipático do Serra – posição pessoal do saidinho FHC. Trocar de marido em plena gestão de prefeita, nem pensar, senadora de jeans no Congresso, só no Rio que elege Benedita, bispo crente que chuta santa é fazer figuração. Presidente da República é coisa séria, tem que ter gabarito, o povo não pode eleger tangido por uma mera fascinação, de messias o mundo osama o céu de Nova York.
Mauricinhos irmanados na democracia de ser rei, curvados aos desígnios do dirigismo dos detentores da ordem econômica, com direito a mausoléu de imortal. Falta-nos um longo percurso para alcançarmos o nível da democracia ateniense, quando condenaríamos ao ostracismo os políticos que nos tratassem como uma Maria Madalena. Pena que nos faltem ilhas como as Malvinas, as nossas são paradisíacas.

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Antonio Carlos Gaio
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