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MENSAGENS DE INÊS DE CASTRO

“Mensagens de Inês de Castro” materializou-se em 1977, psicografadas por Chico Xavier, através da ação reveladora do espírito liberto de Inês de Castro, a rainha morta de Portugal no século XIV. Como fiel depositário, o escritor espírita Caio Ramacciotti, que, em 2006 tornou públicas em livro as revelações de Inês de Castro, assinadas por ela.
O ápice dramático da história atinge o 7 de janeiro de 1355, a Idade Média de Portugal, com o amor que se tornou eterno de Pedro I e Inês de Castro, com ela morrendo degolada pelo pai de Pedro e rei Afonso IV, na frente de seus filhos. Prossegue em outra encarnação como a Rainha Joana, injustamente classificada como a “Louca”, filha dos reis católicos, Fernando e Isabel, e mantida enclausurada numa torre de castelo por cerca de 50 anos. Posteriormente, tornou-se Caroline Baudin, que, aos 18 anos, junto com sua irmã, o Codificador Allan Kardec se valeu de sua excelente mediunidade para obter os ditados psicografados que constaram de “O Livro dos Espíritos” e de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
De casamento arranjado com Constança Manoel, em 1340, Dom Pedro só teve olhos para Inês de Castro, por quem se apaixonara perdidamente, fosse ela bastarda ou fidalga legítima. Malgrado sua posição de dama de companhia de Dona Constança poder vir a ferir a benfeitora que a convocou para integrar seu séquito. Imprensada entre o reconhecimento pela Senhora que a colocara em serviço e a paixão que governaria seu coração para sempre. Ambas somente conheceram Pedro na igreja. Constança calou-se diante da realidade. Embora a tenha convidado para madrinha de seu primeiro filho com o intuito de dificultar-lhe a aproximação com Pedro.
Mas não resistiu ao desgosto com o duro destino que lhe foi imposto. Morreu em decorrência logo de um parto, em 1345. Pedro vai buscar Inês em seu exílio para viver com ela, sem se casar, pelos dez anos seguintes, contrariando os apelos do pai, que a havia exilado para afastar o mal inevitável. Época da peste negra, Inês foi brutalmente decapitada a machado, por ordens do rei amparadas por razões frias e convenientes de Estado, devidas às suas origens de língua castelhana do povo vizinho, um complicador na política da Península Ibérica. E na ausência de Pedro, que saíra para caçar, apesar dos maus pressentimentos de Inês, aos quais não deu crédito.
Inês de Castro fora arrancada covardemente de seu leito, antes do amanhecer, afastando-a de seus três filhos em sua vida terrena. A perturbação alucinou sua mente desencarnada, a mágoa já havia se apoderado de seu coração, somando-se a Dom Pedro em dias de revolta e de vingança até que, vencida pelo desalento e inutilidade de sua atitude, afastou-se espiritualmente para que ele seguisse sua vida. Soluçando ao se conscientizar de sua própria desencarnação, atenuou o ódio e resolveu se desapegar de Dom Pedro, pondo-se ao abrigo da humildade, saindo de cena da corte portuguesa. Amparada pelo espírito de Isabel de Aragão, a Rainha Santa, a avó de Pedro, que acolhera Inês no Plano Espiritual e buscou assistir o neto nas trevas em que se encontrava, acalmando o seu espírito.
Mais que direito, a vingança era um dever, a tradição consuetudinária à época permitia num grau muito maior, como compensação da dor sofrida. No entanto, pazes foram feitas, até se assinando um pacto e salvando Portugal de um conflito de imensas proporções. Pesou na balança o fim próximo de Afonso IV, coberto de remorso.
Muito tempo antes de conhecer Pedro, Inês de Castro sonhou que o encontrava e ele a reconhecia. Quis fugir pois o via casado, embora não tivesse a mínima ideia de quem era. Sonhou que a fizera sua mulher, mesmo sabendo que ambos não estavam agindo de acordo com as leis e com a Igreja. Flagrava-se dentre seus filhos com Pedro. No período mais feliz da vida de ambos. Não tendo outra vida que não seja a própria vida dele sempre nela presente. Eis que o sonho se transforma em pesadelo, arrastada para o cepo e ficar de joelhos ante o cutelo que se elevava para abater-se sobre seu pescoço… e despertá-la com um grito horrível! Uma autêntica visão.
Ambos não estariam sonhando acordados? Você não pertencerá a outro homem que não seja eu, você será minha para sempre. Não mais obedecerei às razões de Estado, e sim às do coração. Dissipando seu perfil de solitário e cada vez mais sozinho no meio da multidão. Você será a minha esposa, a futura rainha de Portugal, mãe de meus filhos, quando me verei livre das cadeias que sempre privaram de liberdade o meu coração. Temo que seus compatriotas não me compreendam e o pesadelo se converta em realidade. Se eu tiver que morrer, não será propriamente uma morte, e simplesmente uma forma de lhe demonstrar a grandeza do meu amor. Se isso porventura acontecesse, ele a faria soberana de Portugal, mesmo depois de morta. Beijaram-se e se ligaram para todo o sempre. Mas a eles não estava destinada a felicidade em nosso plano aqui na Terra.
Casaram-se em segredo, quase sem testemunhas, mais tarde revelado quando Pedro mandou construir um mausoléu para ambos, moldando a estátua de Inês ostentando a coroa de rainha. Num empenho quase compulsivo a fim de prestar a Inês de Castro as honras de soberana. Extenuado de comoção, não acompanhou o resto das exéquias, nem a coroação póstuma, nem o beija-mão, nem o longo desfile perante o maravilhoso túmulo, esculpido pelos mestres da escola coimbrã. Os sinos dobravam sem cessar. A celebrar uma união feliz e simples, como são os enlaces de almas que se interpenetram.
Cessada a tumultuada existência em tempos medievais, Dom Pedro I e Inês de Castro retornaram à Terra, no continente europeu, para os necessários ajustes exigidos pelos processos reencarnatórios às vivências do passado de que foram vítimas. Mas não foram muitas as novas roupagens físicas de que se investiram num período de quinhentos anos, até o século XIX.
Inês de Castro como Joana, filha de Fernando Aragão e Isabel de Castela, que reuniriam suas coroas lançando as bases da unificação dos reinos ibéricos da Idade Média, da qual nasceria o reino da Espanha. Casando-se em 1496, mais uma vez com Dom Pedro I, como Felipe I, soberano da dinastia dos Habsburgos da Áustria, com ela herdando o trono castelão por morte da mãe e de seus irmãos que lhe antecediam.
Joana, a Louca, cognome que não correspondia à realidade, seja porque teria enlouquecido, em 1506, com a perda prematura do marido aos 28 anos devido ao seu amor acendrado, quase um século e meio após seu falecimento como Dom Pedro I. E por vê-lo, de novo, escorrer entre suas mãos, a despeito do desconhecimento do enredo espiritual por todos os atores em cena (desta vez, ele morreria antes de Inês). Seja por conta da vida rica em mediunidade, em que ela se destacava pela vidência, ou por ter permanecido reclusa por quase 50 anos até a desencarnação, em 1555, duzentos anos depois de sua morte como Inês de Castro.
O que serviu de preparação para suas atividades mediúnicas na França do século XIX, envolvida com a nascente doutrina espírita e codificada por Allan Kardec. No corpo físico de Caroline Baudin, recebia mensagens do Alto para alimentar “O Livro dos Espíritos”. Em 1857, concluiu a tarefa que lhe reservara o Plano Espiritual com rara evolução e maturidade precoce em sua alegre e angelical postura, casando-se com um oficial do Exército (Pedro reencarnado).
O espírito de Inês de Castro é quem se manifesta.
A inteligência imortal não perde os vínculos com o Plano Físico e nem os laços com os entes queridos, com facilidade. Uma tarefa começada, ou adiantada, não se interrompe de todo com a morte física. Tarefa essa reexaminada na Vida Maior, às vezes, durante muito tempo e, quando surge a oportunidade, é retomada pelo espírito que a iniciou ou que a deixou inacabada – a viagem do espírito ao longo das encarnações.
A História não registra os fatos como realmente são ou ocorreram. As relações terrenas se baseiam no que parece, mas os apontamentos espirituais repousam naquilo que é. Ambos os planos se intercambiam, os amigos da Terra materializada solicitam certas medidas, relativamente a providências que supõem necessárias, e nós do Plano Espiritual pedimos auxílio em apoio dos que mais amamos e que lá se encontram.

Em 1927, Chico Xavier viu iluminar de um lilás prateado o seu humilde quarto. De admirável presença, o espírito de Isabel de Aragão, a Rainha Santa, falando em castelhano. Não conhecia senhora alguma com seu nome. A solicitar seu auxílio em favor dos pobres. Mas se sou pobre e nada tenho a dar! Está sendo requisitado a repartir os pães com os necessitados. Mas se quase sempre não tenho para mim, como repartir com os outros? Chegará o tempo em que disporá de mais recursos. Só que não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que irá produzir. Chico chorou de emoção até o amanhecer do dia seguinte. 15 dias depois, apareceu-lhe um sacerdote vestido de branco, identificando-se como um dos confessores da Rainha Santa e lhe informando quem ela era: protetora de todas as obras de caridade e de instrução na Espanha e Portugal. Quando encarnada, já desenvolvia elevadas iniciativas de beneficência e educação na Península Ibérica, até que voltou ao mundo espiritual em 1336.
O que bastou para Chico Xavier manter a distribuição semanal de pães a crianças, famílias e idosos carentes de Pedro Leopoldo e Uberaba até nos deixar em 30 de junho de 2002.
Por meio de Chico Xavier, seja sob a forma de poemas ou cartas, as mensagens de Inês de Castro foram transcritas ao longo de 1977, descrevendo diálogos profundos com Pedro – arquivados há mais de seis séculos em sua memória -, que retratam a mágica história do amor medieval com repercussões no futuro, somente explicadas pela reencarnação.
Numa de suas últimas cartas, se dirige a um Pedro, enclausurado no isolamento de uma forte couraça, muito aquém das responsabilidades que Inês assumira junto à Rainha Santa, sem conseguir desatar os laços humanos de carinho e suprema compreensão que o unia a ela, incitando-o a sair desse refúgio de afeto para trabalhar por nossos irmãos em Humanidade, a verdadeira missão.
Divulgareis a fé em Deus e na imortalidade da alma, ensinando e curando, aliviando e auxiliando. Peço-vos, com toda a veneração com que vos amo, não sofrais por palavras minhas. Mas também não nos iludamos quanto a seis séculos que passaram, um milênio na vida do Espírito é comparável à duração de um dia. Homens buscam ganhar as guerras, e nós, em nome do Cristo e Senhor, aspiramos ao ganho da paz. Os homens criam titulações que eles mesmos destroem, quando o tempo lhes acentua a maturidade. Saibais servir-se da dor e da renúncia para ascender a invejável condição espiritual, com as quais o Senhor permitirá que vos façais servidores de outros reinos, o reino da verdade e do amor, cujos domínios estão vivos nos corações humanos, na conquista dos quais é preciso sofrer para compreender e, muitas vezes, perder para ganhar.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido e RAMACCIOTTI, Caio. Mensagens de Inês Castro – Uma visão histórica e espiritual. São Bernardo do Campo – SP: Grupo Espírita Emmanuel, 2006.

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Antonio Carlos Gaio
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