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MULHER FEIA

Muito já se falou sobre homens bonitos, tipões, que escolhem mulheres em que todos perguntam: O que será que ele viu nela? Claro que a mesma coisa acontece invertendo os sexos. Mas permaneçamos no homem lindo e gostoso. O contraste na beleza – ou seria feiura? – enfatiza a visão superficial que despreza a hipótese do amor e outras qualidades, prevalecendo a lei de que “é areia demais para meu caminhão”. O que nos remete à exploração do mais belo sobre o menos dotado pela natureza, na qual o mais fraco acaba se rendendo ao mais forte pela lei da seleção natural, que privilegia os organismos mais bem aceitos no meio com maiores chances de sobrevivência do que os rejeitados.
O escravagismo ajuda a explicar essas relações. Por mais que tenha sido abolido, ainda se ouve falar de escravos do sexo, submissão na política apesar do empoderamento da mulher, render-se, está tudo dominado, sempre ceder por não ser apreciado, quiçá malvisto pela sociedade.
E ela ser sua empregada no cotidiano, quiçá serviçal. Por ele atrair muitas mulheres e ai dela se não se encaixar. Perderá a chance de ser invejada por outras e se arriscará a ficar sozinha, se não tocar como a banda manda. Por isso, a mulher se debate com a aparência, o espelho, a balança e a saúde em geral para se satisfazer, não mais por causa do homem, e sim vencer a guerra contra o menos bem acabado sempre associado à parte mais fraca. Um preconceito gigantesco difícil de ser superado já que a apologia ao dionisíaco é visível no dia a dia vulgar. Quanto ao interior humano, há que ter tutano e espiritualidade para se enxergar, pois nem com telescópio se alcança a beleza da alma.
A mulher feia ou que vê seu encanto descer as escadas perdeu a paciência e já imprensa esse homem contra a parede, ansiando mandá-lo para o espaço apenas com o bilhete de ida. Contudo, é um processo longo a se defrontar com lendas seculares que exaltam a perfeição da formosura esmagando o ogro. A cobiça, a inveja e o sentido de competição de quem sempre esteve por baixo falam mais alto e a estimulam a fazer a fila andar.
O homem sequioso de gozar do privilégio de ser assediado por essas fulanas, nem te ligo. Para que se ainda está no lucro? E se lhe derrubarem numa cama atacado por uma enfermidade insanável, num instante arruma uma enfermeira ou cuidadora. Dá-se um jeito de contornar a humilhação, uma filha ou neta mais piedosa e de coração bom logo o socorrerá!
Faz-se de desentendido até onde puder ir, sem medo do que lhe acontecerá em seu porvir. Alega que não tem alternativa, não foi ele quem arquitetou esse estado de coisas que regula o mundo, dando muito trabalho mudar para um papel para o qual não está preparado. Apenas se estivesse no limite, deformado ou incapacitado por um acidente, é que seria obrigado a rever seus valores. Mesmo assim, não sei não. A caixinha de surpresas está ao seu alcance.

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Antonio Carlos Gaio
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