O que está por detrás da notícia em rápidas palavras
  
  
Arquivo
Arquivo
abril 2024
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  

NÓS CONTRA ELES

Eu acho. Eu acho que devemos tentar compreender as manifestações dos eleitores de Aécio, não tanto pelo lado do desespero que os leva a tentar o impeachment ou a inelegibilidade através da capa da revista Veja, mas pelo irrefutável comportamento ideológico que não deixa margem a dúvida, elogiável sob todos os aspectos por ser transparente. Como talvez jamais tenha sido se compararmos com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que antecedeu o golpe de 1964 ou com o duelo entre Collor e Lula decidindo as eleições de 1989. É bem verdade que havia o comunismo com elementos satânicos a se perseguir. Agora não, é essa gente pobre e esperançosa que gostou de ser assistida pela primeira vez pelo poder público de forma assumida, bem como a classe média de Lula que atrai o ódio e o inconformismo com a atenção e a prioridade aos menos afortunados. É o famoso confronto nominado por Lula de “nós contra eles”, dos pobres contra os ricos, respectivamente. Da luta de classes a qual os tucanos e a mídia evitam mencionar, preferindo mascará-la com “somos todos brasileiros”. Quando pomos os pés na rua é que constatamos que a decantada cordialidade do povo brasileiro não mais perpassa os conflitos latentes na ida ao trabalho e no retorno à casa. Os desaforos encetados desde a abertura da Copa do Mundo mandando a presidenta tomar no cu até Dilma vir a vencer as eleições custaram caro, levando-os ao desespero do golpismo e à promessa de desestabilizar o governo de Dilma, fazendo valer seus superpoderes de classe mais abonada, mais esclarecida, mais bem informada, e que é patrão e por isso mesmo emprega essa imensa massa de nordestinos e nortistas, colocando-os sob seus tacões. E com seus impostos, embora sonegados e reclamando da alta carga tributária, sustentar o Estado e sua imensa fauna de aposentados, propondo até a separação e a divisão do Brasil em duas macrorregiões, o Sul e o Norte – à semelhança da Alemanha Ocidental e Oriental e da atual Ucrânia, predominando a ótica da Guerra Fria. Ou seja, se não vai na base da democracia, vai na força. O que deixa Dilma sem alternativa. Se for para esquerda, até para refundar o PT, aí é que encontrará maior resistência. Se buscar o equilíbrio e o diálogo, será massacrada em nome do povo de dois salários mínimos que nela votou maciçamente. Como já foi torturada pela ditadura militar, saberá lidar com a pressão oriunda dessa caterva que teve o desplante de vestir a camisa da Seleção Brasileira para votar em Aécio como se patriotas fossem, e, ao mesmo tempo, ameaçar deixar o país no caso de derrota se assim pudessem, pois essa democracia não mais os representa em virtude de o que está no poder é o regime do PT. Embora Dilma tenha demonstrado em campanha que terá jogo de cintura para enfrentar uma metade do país que acredita que a corrupção foi a grande vitoriosa, a guerra já está declarada. Como as manifestações deverão voltar face ao nível baixo do Congresso eleito, teremos que passar o país a limpo. O que é saudável é que todos terão de mostrar a sua cara, exibir seus preconceitos, dar vazão a maledicências, expor suas ideias trocando o tosco pelo racional, se conseguirem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Antonio Carlos Gaio
Categorias