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O ALONGAMENTO DO PÊNIS, A NOVA MODA DO VERÃO

Os racistas detestaram a descoberta trazida à luz pelo American Journal Primatology sobre o comportamento homossexual entre orangotangos selvagens, conforme pesquisa na ilha de Sumatra. Acrescentá-los à lista de primatas que apresentam práticas pederastas como parte de seu repertório natural no saciar o cio, ao lado dos comprovadamente sodomizados gorilas das montanhas e chimpanzés pigmeus, provoca irritação.
Sem contar os macacos cativos e os que mantiveram estreita relação com o homem, o que só reforça a teoria de ser um traço natural e comum aos grandes primatas, nos quais se incluem os seres humanos, partindo do pressuposto darwiniano de que nossa linhagem provém do mesmo estoque símio já extinto.
Aí é demais, por dois caros motivos: insinuar que quanto mais irracional mais próximo do Cabo da Boa Esperança, segundo, a julgar pelas aparências, por mais sutil que seja, denigre com a própria raça dos racistas.
Por que tamanha segregação se o processo evolutivo avaliza através de plantas e animais que, quanto mais aptos seus órgãos e estruturas se demonstrarem na adaptação com os recursos ambientais e na interatividade com a Mãe Natureza, menor a necessidade de viver entre a cruz e a caldeirinha, a euforia e a depressão, a ascensão e a queda, o ativo e o passivo, na fronteira da recordação e do esquecimento.
Graças a uma lei de mutação que renova continuamente todas as coisas e torna o mundo tão sublime como no primeiro dia da criação, consagrado na alternância de noite e dia que implicam na fatalidade da troca e edificam tudo o que virá a existir de fato, um não existe sem o outro.
Daí ser perfeitamente compreensível e válido, na defesa da própria identidade, tradição e status quo da sociedade, que, racistas associados a machistas e carentes de reafirmação, se utilizem da Sociedade de Andrologia do nosso estado mais politizado – o Rio Grande do Sul -, à cabeça do bloco na pressão à Justiça, a fim de que seja concedido em ato reflexo, não reflexivo, a autorização de cirurgias para alongamento do pênis.  
Não se seguram nas tamancas em face da comunidade médica não haver absorvido o alongamento de forma unânime, não temendo encarar nos corredores de hospitais andróginos e hermafroditas transexualizando-se, enquanto médicos preferem discutir o sexo dos anjos no afã de evitar a vulgaridade. Fecham os olhos para as filas que dobram esquinas e retardam o processo de satisfação garantida com o sexo renovado.
Quem sabe das coisas é o doutor Bayard Olle Fisher que atende, em média, dez casos por semana e conhece a medida do homem, título do seu livro. É autor da cirurgia que quebrou o recorde mundial de aumento de pênis pertencente ao felizardo dinamarquês Björn Siena, de 4,5 alcançou 19 cm de comprimento, um lucro de 14,5 cm. Já o brasileiro, para confirmar a fama de maior do mundo, dos 11 saltou para 27, num ganho líquido de 16 cm.
Convenhamos que o caráter de supérfluo atribuído ao silicone não cabe a tamanhos cotocos, sua força de argumentação fará os argentinos encontrarem uma terceira via para sair da crise e elevarem os pênis vitaminados à condição de hit do verão. Ao desembarcarem nas nossas praias, desafiados pelas mulatas assanhadas a desembainhar suas espadas, murcharão diante do inexorável ditado platino: não basta cantar bem Mi Buenos Aires Querido, há que saber tocar os sete instrumentos.

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Antonio Carlos Gaio
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