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O HOMEM RESISTE À OBSESSÃO DA MULHER PELA VERDADE

O homem resiste estoicamente à obsessão da mulher pela verdade nos relacionamentos – mesmo que ela pinte e borde. Ele não gosta de discutir a relação, nem qual papel nela representa, muito menos abrir se o seu envolvimento configura traição, apenas um caso ou de aparência colorida, quiçá uma atração fatal. Ele acredita ser um organismo estruturalmente solitário, a vida sentimental e social apenas atenua a solidão, mas não a apaga. Por considerar o casal um enigma, evita jogar luz sobre o lado mais obscuro dos relacionamentos.
A introspecção está fora de moda, igualmente os que renegam ou não ambicionam o estrelato, bem como o ideal platônico da reclusão a burilar versos sem sair do âmbito familiar. Burilar uma persona pública é muito mais importante do que encorpar um ser estranho, arredio, esquisito e atípico. O duelo hoje encarniçado é entre a introspecção e a vaidade. Para localizar a introspecção, dirija-se à garganta profunda por onde se escorrega até o útero materno, o abismo mais profundo e revelador de nossa existência, para ali se comprazer; já a vaidade deve se propagar em círculos concêntricos, cada vez mais distanciando-se de onde era centrado, do núcleo de onde partiu.
A tensão entre a introspecção e a vaidade dá vida ao homem que, no extremo de si mesmo, como um náufrago à deriva, se debate no conflito entre as forças centrípetas (que o aproximam do seu eixo) e centrífugas (que o distanciam) – em tempos de celebridade, a força centrífuga está ganhando essa batalha com larga vantagem.
Mas há uma certa sabedoria na proeza de uma vida em silêncio, imerso no anonimato e nas trevas do esquecimento de uma época obcecada pela tirania da extroversão, na qual os verdadeiros transgressores são os eremitas.
A transgressão faz o homem se sentir melhor ao flertar com esse estado de ânimo, quando não para se refugiar ao se ver atacado pelo pragmatismo da mulher – consequência de não suportar mais mentiras em seus relacionamentos. O homem assim reage evitando entrar em pânico com a realidade ignorada por ele, que advém dos anos 1960 e 1970, retratando o começo do fim da antiga família patriarcal e a tentativa de se criar outras formas de convivência.
Mas ainda estamos no meio do caminho, procurando juntar as peças que, por enquanto, não levam a nenhum lugar específico. A única certeza é de que é um caminho sem volta. Tal como o corpo envelhecer, não havendo muito o que fazer face à degradação irreversível, a não ser cuidar-se melhor. Mas se a mente, com alguma sorte, perder a vitalidade mais devagar, já é uma bênção de Deus! É nesse contexto de preservar sua espécie, tal como Deus o criou no mundo, que o homem vai embalando sua realidade para ficar imune à crescente obsessão da mulher pela verdade nos relacionamentos. O homem como preservativo do próprio homem.

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Antonio Carlos Gaio
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