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O MURO

Depois da Segunda Guerra Mundial, por medo do comunismo, os Estados Unidos deram suporte a ditaduras na América Latina e em outros recantos do planeta que, em matéria de supressão da liberdade, perseguição a inimigos políticos e torturas generalizadas, mais pareciam a extensão do regime nazista. Tanto que eram cognominados de Quarto Reich.
Mas ninguém poderia esperar que um dia os Estados Unidos, de tanto combater o Muro de Berlim, fossem gerar um clone no México – concebido igual ao da Palestina. Para dar um basta na saga dos imigrantes.
Considerando-se que a Califórnia e o Texas originariamente pertenciam ao México, são duas metades de uma mesma unidade divididas por um muro. Os americanos não descuidam da aparência em concreto e aço, pintado de cor-de-rosa, e com janelas envidraçadas ao longo para permitir ver o que acontece através e até conversar com alguém que esteja do outro lado. Reproduzindo o sistema de presídios onde visitantes não podem tocar os detentos, mas se comunicam separados por um vidro.
Fingem que o muro não é uma barreira, embora resistente a ataques físicos com instrumentos contundentes e até mesmo à penetração de veículos. A idéia é a de lhe dar uma aparência o mais amigável possível, de modo a não ferir a alardeada amizade entre as duas nações. A passagem de luz através do muro confere uma sensação de abertura semelhante ao esforço que o míope faz para enxergar o que está apontando no horizonte.
Já, à noite, todos os gatos são pardos. O muro é banhado por potentes holofotes instalados em torres de concreto, permitindo que câmeras de TV fixadas em postes registrem tentativas de transpor a barreira, complementado pela patrulha da fronteira usando binóculos infravermelhos – qualquer semelhança com campo de concentração é mera coincidência.
Pelo andar da carruagem, o muro será estendido a toda fronteira com o México numa extensão de 2300 quilômetros, correspondente aproximadamente à metade da Muralha da China, construída por outro regime imperial de igual fama.
A América da liberdade de expressão e do direito de ir-e-vir ensimesmada. O ataque às torres de Nova Iorque encastelou a essência da alma americana.

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Antonio Carlos Gaio
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