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O OSCAR 2013 COMPROVOU A MANIPULAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NOS ESTADOS UNIDOS

E pensava-se que Hollywood tivesse um nível de
esclarecimento maior ou um pouco mais de cabeça aberta que o país Estados
Unidos em tempo de Obama. Ou que o conjunto das premiações do Oscar 2013
pudesse se direcionar para a sétima arte (por vezes isso ocorre). Ou, pelo
menos, em favor da indústria cinematográfica. Eis que elegem o filme patriota
“Argo”, que é apenas bem feito, de modo a irritar o Irã. Patriota por patriota,
“A Hora mais escura”, como cinema, surpreende. Embora soubéssemos como iria
terminar, queríamos tomar conhecimento da versão de Kathryn Bigelow em clima de
grande suspense. Mas a bem urdida operação para matar Osama bin Laden continha
longas cenas de torturas que ofendem o decantado senso de justiça da democracia
americana, provando ser uma mentira quando a segurança nacional do seu
imperialismo está em jogo. O que pôs a CIA e o Partido Republicano nos
calcanhares dos produtores do filme para que delatassem quem vazou os arquivos
secretos da máquina de guerra ianque – só faltou também torturá-los.
Evidenciando o veto a filmes que exponham a podridão dos bastidores da
politicagem americana e procurando cooptar Ben Affleck para inseri-lo como
propagandista dos valores americanos. Menos mal que Ang Lee tenha sido eleito o
melhor diretor com “As aventuras de Pi”, a mais bem-sucedida realização dos
selecionados. Menos mal que o momento mais comovente da cerimônia do Oscar
tenha sido o elenco de “Os Miseráveis” cantando a premiada trilha sonora. Menos
mal que a criatividade de Quentin Tarantino tenha sido reconhecida, se
transformado numa escola e entrado para a História do cinema. Menos mal que se
consagrou que persiste o “Amor”, cruzada a barreira dos 80 anos. Muito mal não
terem sido selecionados os filmes franceses “Qual é o nome do bebê?” e “Os
intocáveis”, nem haver estatueta para “O amante da rainha” e “As sessões”. Ao
final do Oscar 2013, comprovou-se que liberdade de expressão bem pode ser
manipulada para que a arte final exalte os interesses a que deverão servir. Com
mais sutileza, é verdade, senão ardileza combinada a manobras golpistas de
bastidores. Mas não muito diferente de regimes fechados, nesse particular
deveras importante.

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Antonio Carlos Gaio
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