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O PODER DE EXCALIBUR
O homem incapaz de encantar uma mulher sabe de antemão que nasceu portador dessa deficiência. Com o sinal de menos. Ninguém se sentirá atraída por seus dotes. Mesmo que possua uma qualidade de relevo, nunca será valorizado à altura, porque ele não conseguirá virar a cabeça de quem é o seu alvo. Cortar-lhe a respiração. Confundir sua linha de raciocínio. Tirar seu equilíbrio. Balançar sua suposta segurança. Conturbar suas emoções. Pegá-la de um jeito que tremerá nas bases.
Terá que se aproximar dela procurando não lhe causar repulsa, com todo o cuidado para ela não virar as costas. Aí estará mais para amigo do que para um louco amante. O que o enlouquece por doer na alma ao almejar um perfil de homem determinado em arrebatar uma mulher. Uma que seja. Mas ele está careca de saber que magia não faz parte de seu arsenal, sequer fogos de artifício.
Pois é um homem sem graça, sem o menor atrativo, que desperta bocejos. Para a mulher escolhê-lo, vai ter que baixar seu padrão de expectativa. Se optar por ele, não o fará com entusiasmo. Irá de pé atrás, rendendo-se por não ter mais a quem apelar. Defrontar-se com essa realidade o obrigará a se enganar, fingir que o panorama é promissor e repetir num mantra que será feliz quando ela aprender a amá-lo com o tempo. Teme, por outro lado, ela ficar frustrada, manifestando irritação com os seus maneirismos para se passar por simpático.
Tudo isso pode não traduzir inteiramente a realidade, e sim a mente do homem por baixo que não possui o poder de seduzir e envolver, criando um clima de encanto, uma paixonite que não se desfaz, quando elas não levam consigo para o túmulo o amor de verdade. Que mulher haveria de existir que não o esqueceria para todo o sempre? Só se saísse da mesma fôrma! Mas como as mulheres são românticas compulsivas, essa similitude não existe.
O que o homem incapaz de encantar uma mulher deseja é, num passe de mágica, conquistar o poder de Excalibur, ao conseguir retirar a espada cravada na pedra. Permissão somente concedida a homens que nasceram com o dom. Seletivamente especiais para elas nele virem como vale a pena viver a vida.
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Antonio
Carlos Gaio
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