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O TORTURADOR

O sujeito que foi torturador ou que gostaria de ter sido para dar cabo de quem diverge de si ou que não tem a mesma concepção de país é misógino, homofóbico, machista, hipócrita, autoritário, patife, capaz de feminicídio e de ofender mulheres, gays, negros e deficientes físicos.
Constam do seu seleto cardápio filmes de bandido e mocinho, de perseguição implacável, tiro ao alvo, e andar na praia sob o pino do sol escaldante que parte o dia ao meio, cuspindo constantemente a gosma de sua essência, se desconsolado quando impedido de arrebentar a cara de quem não gosta.
Sua verdadeira praia seria a área de inteligência das Forças Armadas, se não tivessem lhe cassado a voz de comando, sendo expulso da corporação por não obedecer a hierarquia, transformando em cinzas todos os atributos de poder, sem o que não vale a pena viver.
Nunca foi macho sequer para encarar sua mãe, que procurava mantê-lo no cabresto, mas sem sucesso, pois o torturador fazia tudo por trás dos panos e mentia como um vagabundo qualquer. Nasceu com o caráter nanico.
Nostálgico de ditaduras, eliminar a classe política sob o pretexto de acabar com a corrupção seria a solução final. Acreditava que assim estancaria o corrimento da vagina da Pátria-mãe, por onde vazam valores morais que constroem a identidade da sociedade.
Desmoralizado, resolveu enveredar pelo mundo do crime formando quadrilha de milicianos que imporiam sua lei e ordem à população desassistida, cansada de ser assaltada.
O torturador só ataca pelas costas, como bom covarde que é, infundindo temor pelo seu pensamento frio e violento, torturando mentes que receiam um líder abjeto como ele veio se tornando em pleno processo de abastardamento, a espumar de ódio nos cantos da boca e desprender um cheiro de monstro que alimenta em suas entranhas.
Cabe às mulheres o repudiarem, senão cuspindo na sua cara e o esbofeteando por tentar explorá-las, despudoradamente, quando não infligindo maus-tratos a quem ousar modificar seus padrões. Filhos, se vierem, sairão ao feitio da matriz desequilibrada que os imprimiu.
Mantém oculto o seu sonho de consumo: o gay enrustido. Também, como admitir atração por um sexo que não é frágil? Se, à menor provocação, não se decide entre surrar ou cobri-los de beijos num abraço de tamanduá. Qual não seja a sua estupefação de, em sendo homem, como consegue ser mais mulher do que as próprias?
O torturador jamais se cansa do papel de atolado e leso. Custa a dar o braço a torcer, para que se preserve a integridade de seu orgulho e de sua família, que o acoberta e lhe proporciona segurança quanto a tempos em que vibrava tapa-ouvidos em colegas de sua escola para cortar seu rebolado.
O torturador necessita de cuidados extremos em função de seu trajeto sórdido. Caso contrário, começará a falar sozinho sem princípio, meio e fim e sem saber mais vincular o sujeito ao objeto direto, denunciando o retrato vivo de vítima do seu holocausto existencial. Psiquiatras, clínicos e enfermeiras tentarão reanimá-lo, mas logo o encaminharão ao Jardim Botânico. Deteriorou-se sua forma já estranha, entrou em decadência flagrante ao definhar. Murcha, resseca e morre, convertendo-se em fonte de matéria orgânica. E finalmente fazendo por merecer de novo um lugar na Terra, quando virou planta ao lado de outras que sofreram o mesmo destino. Na esperança de se transformar numa flor.

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Antonio Carlos Gaio
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