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CENAS EXPLÍCITAS DE TRUCULÊNCIA

12 de junho, Dia dos Namorados. Bandido seqüestra um ônibus por longas quatro horas e paralisa a nação diante da TV, expulsando os homens e mantendo as mulheres como reféns. Pactuado com o diabo, batia e arrastava-as pelos cabelos, ora apontando para a testa, ora enfiando o cano do revólver na boca. Ao forjar execução sumária, descontrolou a polícia quando resolveu se entregar e a professora que serviu de escudo foi alvo de cinco tiros. Pouco importa a precisão do exame de balística, a vontade de liquidar o louco era maior que a de salvar a vida da jovem que se engajava em afastar as crianças do tráfico de drogas. O que mais se ouviu e se lamenta é a inépcia das forças de segurança, a falta de atiradores de elite que saibam dar o tiro na testa na hora exata, a inércia das Forças Armadas diante do fato de as autoridades serem as futuras vítimas da violência. Ao menos que o espancassem, como faz a babá Adriana, método infalível para abrir o apetite de criança. Preferiu-se a inovação: sufocá-lo até a morte no camburão.
Policiais civis e militares do Rio Grande do Sul trocaram palavrões, empurrões, tapas, socos e pontapés, dando uma exibição de quão será difícil a integração das polícias civil e militar prevista no plano de segurança pública. O motivo da disputa foi o privilégio de negociar com quatro assaltantes que mantinham reféns numa agência de Correios. A briga chegou a meter medo até num dos bandidos que, vendo o charivari, resolveu se entregar. O conflito, que truncou a negociação por diversas vezes, continuou até a rendição dos meliantes, quando os policiais quase se engalfinharam para decidir na viatura de qual corporação os presos seriam levados. Ambas levantaram a porta traseira para enjaular as feras, trocando expressões bobinhas de “palhaço” e “viado”. A chegada do alto comando baixou a crista dos litigantes dos dois times, o espírito salomônico dividiu os marginais por viatura.
Luiz Felipe Scolari, técnico do Palmeiras, entrou de sola no seu time por conta de uma derrota para seu maior rival, o Corinthians. Centrou os impropérios na inapetência para a violência. Ainda mais que Edilson é um prato cheio, o danado do crioulinho ensaboado adora fazer embaixadas e controlar a bola na nuca no meio do jogo. Para conter o azougue “bastava uma catarrada para provocá-lo! Eu tenho um time maduro, experiente, mas que na hora do bem-bom não sabe dar pontapé! Não sabe dar um cascudo!” Assim como Wanderley Luxemburgo conhece profundamente a psicologia do jogador de futebol, Filipão contesta a justiça de Deus nas derrotas e filosofa desavergonhadamente sobre o mal: miremos os pontos negativos de quem não nos quer bem e ataque por aí, trata-se de uma questão de legítima defesa. Edilson nenhum resistirá, nem terá savoir-faire e outras frescuras necessárias ao exercício do bom cidadão.
O bispo argentino Desiderio Collino, do alto do púlpito na missa dominical, disparou contra os profissionais de imprensa que considera mentirosos, caluniadores e difamadores, desejando um câncer no pulmão para jornalistas que inventam notícias.
A Agência Nacional de Petróleo foi criada para bater o martelo no fim do monopólio da Petrobras. Ao organizar dois ribombantes leilões em que fatiava 33 áreas para exploração e produção pelo setor privado, achou normal permitir que a Petrobras concorresse e ainda bateu o martelo em seu favor, que arrematou 40% do filé mignon. Caracterizado o uso abusivo de informações privilegiadas, é normal que competidoras do naipe da Chevron tenham preferido se aliar a ela – garantia de lucro. O povo nem pisca os olhos para cartel, dumping, fusão e incorporação, fazem parte do economês, idioma propositalmente complexo. Mas finge ser normal um acordo por debaixo dos panos para levar de vencida as concorrências públicas. O que ele não aceita é o preço da gasolina não baixar e machucar o seu bolso, sentindo-se lesado com a competição de mentirinha.
Homens e animais não vivem em comum de mentirinha, é à vera. Portanto, nada mais natural para seus donos que pitbulls trafeguem em via pública sem coleira nem focinheira, porque “o meu não faz mal a ninguém, os homens são piores do que os animais”. E são mesmo. Somos umas bestas, indigentes de justiça. Cabeça foi feita para a gente pensar e coração, para sentir. O conceito de fidelidade é a canina para o dono. E o de felicidade?

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Antonio Carlos Gaio
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