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OS PIORES DIAS TRAZEM NO SEU BOJO MAIOR CONHECIMENTO

O período de maior ganho em conhecimento e experiência é o período mais difícil da vida de alguém, segundo Dalai Lama. 
Somente em crise, no fundo do poço, olhando para cima à espera de que alguém apareça e o resgate ou tentando escalar pelas paredes para rever a luz do sol, é que você readquire forças para sair do buraco em que se meteu. Passa um filme em sua cabeça revelando todas as enrascadas que com sua arrogância procurou para enfrentar qualquer desafio que se apresente, não sabendo separar o joio do trigo. Sem poder voltar atrás – agora o faria de forma diferente. 
Se soubesse, de antemão, que seria o período mais difícil de sua vida, buscaria um caminho alternativo mas, em compensação, não aprenderia o que é necessário para subsidiar e estruturar a trajetória de sua alma. E o aprendizado é sempre assim, espinhoso, turbulento e visceral, esgarçando sua personalidade para obrigá-la a se expandir e não se restringir a becos escuros por onde se esgueira para evitar ser flagrado cometendo pecados no ardor de sua energia.
Por isso, não adianta praguejar contra os Céus por tamanha desgraça desabar sobre sua cabeça ou por ter seguido um palpite infeliz e o dito cujo te alertar para o período mais difícil de sua vida em que está imerso até o pescoço. É a grande chance para adquirir um universo de conhecimentos que jamais suspeitaria algum dia alcançar, justamente graças aos piores dias de sua vida. Isso se não nos detivermos em lamúrias, autocompaixão e pessimismo, em razão de não nos julgarmos merecedores de insucessos, frustrações e nada de relevo acontecer, enquanto ao nosso redor a felicidade premia a quem menos poderíamos supor que fosse aquinhoado. 
O choro é livre, mas não com sentimentos invejosos a nortear seu senso de justiça, que só ecoa como injustiça, havendo que ter paciência para a tormenta redundar em calmaria e notar que o aprofundamento na consciência nos ajuda a superar o que antes parecia impossível. Pelo fato do inimigo se tornar visível e mais fácil de expulsar de nossos domínios, ou nem mesmo deixá-lo entrar, liberando a angústia, sua outrora companheira inseparável, para procurar outras plagas de incautos e indefesos seres. 
Portanto, os momentos mais desastrosos de nossas vidas encontram uma estreita correspondência com dias plenos de ventura e alívio por ter abandonado maus hábitos e aprendido a lidar com a ilusão. Com ambos os polos, o negativo e o positivo, regidos por uma complementaridade que lembra o entardecer e o alvorecer com a noite sucedendo ao dia em sintonia com a morte não ser a negação da vida, sob o temor das trevas na iminência de dar um passo à frente onde a luz não mais alcança e perante a inexorabilidade da queda sobrevir à ascensão, sem exceção para qualquer ser humano.

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Antonio Carlos Gaio
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