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PARALELO ENTRE A DITADURA MILITAR E BOLSONARO

O general João Figueiredo, o quinto ditador no sistema de rodízio que caracterizava a ditadura militar, segundo o general Octávio Costa, em depoimento concedido a Maria Celina D’Araújo e Gláucio Ary Dillon Soares, em 1992:
“Sempre achei, e continuo achando, o general Figueiredo extremamente inteligente, e de boa cultura. Tem até um bom embasamento literário. Segundo a tradição da família, foi para a cavalaria. E o oficial de cavalaria, segundo o que se diz na caserna, tem dois extremos: ou é um cavalheiro ou um cavalo, ou seja, um gentleman ou um grosso. O Figueiredo foi sempre o primeiro de sua turma em todas as escolas por onde passou. Era um estudante excepcional. Até hoje, um dos hobbies do João é resolver questões de cálculo integral e diferencial, ou mesmo esses difíceis problemas de aritmética que se tem de quebrar a cabeça para resolver sem usar os caminhos da álgebra. Ficava felicíssimo quando se levava para ele algum problema que não se conseguia solucionar. Tenho a impressão de que, ao ingressar na arma de cavalaria, adotou a opção de fingir-se de grosso para agradar aos companheiros, numa certa forma de demagogia, que sempre o ajudou a liderá-los. Creio que, havendo-se habituado a esse jogo de fingir-se de grosso e ao largo uso do palavrão, acabou por interiorizar essa maneira de ser, embora na verdade seja uma pessoa de sensibilidade cultural, não fora ele irmão do Guilherme Figueiredo, grande escritor e dramaturgo”.
Em suma, até o Figueiredo supera Bolsonaro. O mesmo Figueiredo que não gostava do cheiro de povo, preferindo os cavalos e à sua bosta, inerente ao seu perfil, tanto quanto os coices.
Mesmo porque Bolsonaro nunca passou de um capitão chinfrim e expulso da corporação por já apresentar sinais avançados de psicopatia. Sendo reformado precocemente e transformando-se em mais uma viúva do Estado, depois de absolvido pela Justiça militar por seus atos insanos. A mesma justiça militar que continua a demonstrar seu alto grau de corporativismo até hoje, quando soltou os nove militares que dispararam 84 tiros de rifle num carro em Guadalupe (RJ), em abril de 2019, confundindo uma família com assaltantes e matando duas pessoas, somente porque eram pobres e negras.
Por esperteza, e não por gratidão, Bolsonaro passou a se candidatar e se eleger como deputado estadual e federal, num crescendo, como se fora um líder sindical em defesa dos interesses militares. Com um grau de maldade própria de um torturador, a quem considera um herói, esposando ideias das mais tacanhas e sombrias, naturais numa pessoa perturbada, até vir a tornar-se um mito assim identificado por um eleitorado de 57 milhões e eleger-se presidente do Brasil, na mais absoluta identidade de caráter entre a massa informe e o seu panificador.
Renascendo o espírito da ditadura militar, em até mais baixo nível do que o ditador Figueiredo, Castelo Branco ou Geisel, através dos votos eletrônicos apurados de forma legítima pela Justiça Eleitoral. Depois de uma campanha eleitoral manipulada por Bolsonaro e sua gangue, ao dispor da metodologia fake news, prova suficiente, essa sim, para anular as eleições.
Somos hábeis para falsificar o resultado de eleições desde o voto consignado em papel na Velha República, o voto de cabresto, no sistema de contagem pela Proconsult para derrotar Brizola em 1982, nos arremedos de escândalos denunciados pela mídia às vésperas de eleições para tirar o PT do poder e, por último, Bolsonaro reproduzindo as fake news, instruído por prepostos de Trump.
O regime militar tinha asco do populismo, da demagogia e da corrupção da classe política nos anos do golpe de 1964, em nome de uma imagem de retidão, dever e integridade. Atualmente, os militares estão mancomunados com o oportunismo e as safadezas de seu mito, calando-se diante de seu laranjal, e assinando embaixo da ideologia perpetrada pelo ministério do Bolsonaro, hoje e sempre. Alegres e realizados com o golpe aplicado na Dilma por um Congresso corrupto e a prisão de Lula sem provas, sentenciada por um juiz que se vendeu para tornar-se ministro da Suprema Corte.
Irrelevante, portanto, a diferença de nível entre os ditadores do regime militar e Bolsonaro. Todos provêm da mesma escola superior de guerra, de formação autoritária e mentalidade de senhor de engenho, quando mandaram escravos para a linha de frente da guerra contra o Paraguai e conquistar a sua liberdade se conseguissem se manter vivos, matando paraguaios. Esse é o nó górdio que o Exército de Caxias tem de desatar para se libertar de seu condicionamento atávico. Quanto ao Bolsonaro, são tantas palavras, ênfases desnecessárias e esgares que a Terra há de engolir!

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Antonio Carlos Gaio
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