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PERDÃO FOI FEITO PARA A GENTE PEDIR

Era uma vez um moleque que chutava tudo que via pela frente, sem mais nem menos. Ora a pedra, não perdoando o capô do carro de um bacana. Ora a lata, não perdoando a testa da torcida rival. Ora o cachorro da vizinha, que teimava em morder a bola que caía em seu quintal. Capaz até mesmo de atravessar a nado a Lagoa Rodrigo de Freitas para resgatar a bola da poluição e devolvê-la à pelada. Na aflição de entrar logo na Maracanã, não perdoava os calos dos adultos que, irritados, prometiam que “dessa vez, passa!”.
A conta fechou em US$ 5 bilhões para reparar os desvios psicopáticos de Hitler e seus acólitos às vítimas do nazismo, divididos em dois grupos: escravos que trabalhavam nos campos de concentração sem expectativa de sobrevivência e trabalhadores forçados em fábricas de armamentos para matar os próprios judeus. Não quiseram repetir o mesmo erro da 1ª Guerra Mundial de cobrar pesado e ter aberto o caminho para a 2ª, ficou barato esse cartão amarelo para o nazismo.
Em sua peregrinação à Terra Santa, o Papa João Paulo II manifestou uma tristeza profunda pelos séculos de perseguição que a Igreja Católica infligiu aos judeus, pondo um ponto final na secular postura católica da tratar o judaísmo como uma religião suplantada pela chegada de Cristo, admitindo a igualdade das crenças. “Somente uma ideologia alheia a Deus poderia levar adiante um plano de genocídio”, esquecendo-se de que o Holocausto ocorreu nas barbas da Europa cristã e sob o manto sagrado de Pio XII, com a bênção de Mussolini.
As mulheres de Kosovo têm de dar à luz bebês gerados por abuso sexual de sérvios, as leis de Maomé proíbem o aborto e o patriarcalismo muçulmano não pode perder a chance de botar no mundo mais um árabe. Marcadas pela violência, além de perderem entre casa, marido, filhos e parentes, são punidas pelo puritanismo. E não podem botar a boca no mundo nos tribunais da ONU que julgam crimes de guerra, caso contrário, a vítima do estupro é abandonada pelo marido e pelos pais porque ofende o orgulho da estirpe dos homens.
Bem que a Academia Brasileira de Letras poderia pensar em imitar a academia hollywoodiana quando concede Oscars póstumos em reconhecimento às injustiças perpetradas a gênios, azarados, contestadores, comunistas. Ainda que tardio, reconhecer que o conjunto da obra de Nelson Rodrigues, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre e Mario Quintana marcaram uma época e nos legaram seu traço indelével.
E pensar que tudo começou numa tampinha de guaraná, que substituía a bola de couro, para jogar futebol num espaço exíguo, seja num canto do quarto, na sala de aula, no recreio, canto de rua, num beco sem saída.

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Antonio Carlos Gaio
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