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QUAL O DESTINO DO SORRISO DE UMA CRIANÇA?

Os diagnósticos mudam ao sabor do tempo e do vento, e Ronaldinho segue desmoralizando os médicos. Goleiro não tem desculpa quando engole frango, é o responsável pelas derrotas. Atacante que perde pênalti em final de campeonato é crucificado. E o que dizer de médicos e fisioterapeutas que atribuem à fatalidade uma lesão tão grave, no mesmo lugar operado pelo maior especialista do mundo em joelhos, sem que se medisse gastos e cuidados personalizados? O que dizer deles?
“Com os avanços da medicina, qualquer problema pode ser solucionado”, declara o médico da seleção, José Luiz Runco. O especialista em medicina esportiva Osmar de Oliveira não acredita em negligência, os médicos do Internazionale seguiram o manual à risca para curar esse tipo de lesão, o tendão fora costurado e estava cicatrizado. Se depois rompeu, a culpa não é nossa.
Foi jogando no PSV que os holandeses o reinventaram em um cyborg, na tentativa de transformar o menino pobre do subúrbio, de arrancadas espetaculares, em um homem bem-nutrido com corpo de Primeiro Mundo. Resultado, a sobrecarga da atividade física durante o período de crescimento causou uma tendinite que atende por um nome que dá medo: Síndrome de Osgood e Schlatter. Como Ronaldinho se notabilizou pelos piques, o excesso de esforço na região avariou o ligamento entre a rótula e o músculo do joelho. Deu para entender? A cada partida, o tendão ia dando sinais de não suportar a massa muscular adquirida. O tendão esgarçou-se até romper totalmente.
O fisioterapeuta Claudionor Delgado – que cuidou de Ronaldinho na Copa de 98 – achou a volta precipitada, uma certa irresponsabilidade. Ele ter se contundido sozinho demonstra que o joelho não agüentou o peso do corpo. Seria melhor ter esperado um pouco mais. Com todo o respeito, o Dr. Lídio Toledo discorda, pois não acredita em falhas na cirurgia nem na recuperação fisioterápica, e acha que foi tempo até demais. Aliás, na Copa de 98, Lídio Toledo não sabia se tratava do joelho direito ou esquerdo do Fenômeno, porque ambos inchavam, ou se deixava o problema por conta dos fisioterapeutas. Ou se receitava tranqüilizantes para relaxar Ronaldinho, que não cansa de afirmar: “O que me dói mais não é o joelho, mas saber que eu decepcionei tanta gente que estava esperando o meu retorno.”
O que não estava no script foi a convulsão de Ronaldinho atacá-lo no malfadado dia da final contra a França. E no meio disso tudo, Susana Werner. Não é de hoje que os joelhos de Ronaldinho transformaram-se em uma novela que provoca comoção em duas de cada três mães italianas, por ser um garoto dolce i buono.
E por que operar logo na França? Fomos vice na França e por causa da França. Operar duas vezes é burrice ao quadrado. Que ingenuidade não acreditar em bruxas! Foi lá a convulsão, não se deve dar sopa para o azar. Será que não tinha um outro lugar nesse planeta? Um outro médico que não o Gérard Saillant, que já botou no prego seu diploma se Ronaldinho não voltar a jogar. É pura vocação para o masoquismo, ainda mais que seu empresário – de sobrenome Pitta – afiançou que ele agora só voltará a jogar bonzinho da silva, afinal, “ele já está rico”.
Com o dinheiro que Ronaldinho tem no banco, jamais será retido na porta giratória, método moderno de detecção de assaltantes na era do caixa automático. Não passará pelo dissabor do aposentado carioca com prótese de platina e armado de apenas cem reais para pagar uma conta. Depois de tirar todos os objetos de metal que carregava, o vigilante não conseguiu enxergar a platina na perna e investiu-se da autoridade que lhe concederam para barrar. A indignação leva você a tirar a roupa e despir a fantasia da imponência austera do banco. Sem o saber, o guarda é até conivente e o estimula a tirar a roupa porque, no fundo, quer ver o circo pegar fogo.
Como o Circo Vostok, em Jaboatão. Um garoto de 6 anos, quando passeava com o pai, foi puxado pelo leão para dentro da jaula, que lhe abocanhou o pescoço e o arrastou para banqueteá-lo junto com sua esposa. A necropsia acusou que não foram achados resíduos de comida no estômago dos animais. Famintos estavam, famintos ficaram e assim morreram, leões e o sorriso da criança.

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Antonio Carlos Gaio
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