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QUEM DÁ A ÚLTIMA PALAVRA NO AMOR?

Sempre que você procura se isolar num canto escuro do cinema para se deleitar com o que a sua fantasia busca e requer, sempre aparece alguém para tirar o prazer, sentando-se próximo à sua ilha de tranqüilidade, quando não é do seu lado.
E se você estiver ao lado de sua cara-metade, aquela que no dia bonito por natureza, se entreolharam e o amor à primeira vista os fez sonhar com a loteria, o grande prêmio que sua alma pura e inocente faz jus, afinal rezas de joelhos, passas provações e provocas o anseio que dormita sossegado no passadiço do ócio que o seu gato também aproveita, sem culpa.
Mas suas mãos no cinema não mais se entrelaçam, não trocam idéias sobre o desfecho do drama, não mais respiram juntos no suspense, e o beijo na tela não estremece os lábios, eternos indigentes de atenção e carinho. Porque discutiram sobre ratos e cobaias, desembainharam seus floretes em duelos à luz de velas e mataram a galinha dos ovos de ouro. De véspera.
A luz da projeção se apaga em sua retina e, tal qual uma Alice no País das Maravilhas, escorrega e cai de bunda no chão a ver navios, só, somente só, porque cometeu o pecado de acreditar que no amor tem sempre um que manda mais no outro. Uma maior predominância, ascendência. Não é que o dominado seja oprimido ou repise o amém. No entanto, a nossa insegurança conduz a relação para que eu queira dominar você ou, no mínimo, prevalecer. Vai daí que desmerecer o amado amante é uma tentativa de evitar esse domínio, que pode acabar com o relacionamento. Evita porque receia o dia em que irá ser subjugado ou abandonada. E amando, o que é pior. Portanto, há que afastar o mal, já que amar sem poder controlar pode ser danoso à sua integridade futura. Ao contrário de zens afeiçoados que cedem e descansam no remanso do amor.
Quem não conhece a sujeitinha que briga constantemente, cria problemas, e favorece um clima de instabilidade insuportável para a convivência, atribuindo ao parceiro a origem do seu fracasso afetivo. De outra mão, quem cede é diagnosticado como um câncer benigno, subestimando porque tem medo de cair de quatro e não poder mandar mais na situação como antes mandava. E isso é inadmissível, porque significa que vão fazer com ele o mesmo que ele constrói para sua vida. Fato esse que não reconhece mas, pelo menos, conduz sua vida a seu gosto e dispor, montado no cavalo alazão a levantar poeira.
Ruminar sobre quem efetivamente manda nesse país ou se a rainha manda mas não governa, desperta para a realidade da fome que campeia nos cinemax que invadem nossos pastos. Se ansioso pelo próximo páreo o cavalo come baldes de alfafa, imagine a repercussão de “premonições”, “pânicos”, “aliens” e “tarantinos” nos baldes de pipoca que inundam o piso acarpetado de tanto nervosismo, num verdadeiro dolby sound produzido por invólucros de balas e lanchitos resistindo ao rasgar frenético de unhas e dentes, que não raramente explodem ferindo os ouvidos drogados de celulares, agradecidos ao santo flúor que fortaleceu nossos dentes permitindo que trituremos os amendoins sem dó nem piedade.
A direção da casa apela à urbanidade e implora que, ao menos, se aperte a descarga nos banheiros para não dar a impressão de sermos tudo aquilo de que nos acusam ou cairmos no chavão de que o mar de lama avança firme e forte. Mesmo porque o próximo a fazer suas necessidades, quando vê aquela imundície, tende a repetir a dose: “Não fui eu que fiz essa porqueira. Por que eu teria de limpar a merda dos outros?”

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Antonio Carlos Gaio
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