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ROMA, CIDADE ABERTA

Até que a palavra de Cristo fosse completamente disseminada e apreendida como novo parâmetro existencial, necessitou o Império Romano entrar em decadência nos anos 300 d.C. e bipartir-se em Ocidente, à direita da sabedoria grega, e Oriente, à esquerda, na atual Turquia, que se converteu no Império Bizantino. Alastrando um enorme sopro renovador na espiritualidade de povos por onde Jesus Cristo andou e não andou, a ponto de fazer surgir o Islã pelas barbas do profeta Maomé. O Iluminismo muçulmano aflorou nos mosaicos e nas construções de palácios e mesquitas de 1001 noites. O bom uso da matemática e astronomia no desenvolver da influência grega deixou claro que Alá veio para ficar.
Enquanto os orgulhosos romanos eram pouco a pouco vencidos pelos bárbaros, assim chamados porque não foram civilizados pelos neros, brutus e caios gracos. Os vikings, visigodos, ostrogodos, hunos e outros apenas queriam respeito ao direito de constituir seu povo segundo suas próprias leis e costumes. Todo império entra em decadência por custar a aceitar do outro lado da mesa o parceiro que cresce, ao vê-lo como futuro usurpador.
O que restou à flama dos bravos e heróicos gladiadores que tanto alegravam a onda de coliseus, a marca registrada do Império Romano? O domínio papal no comando da moral e dos costumes, na qualidade de guardiões do portal de Deus, negociando com os diversos patrões de condados, ducados, reinos e feudos, sementes de futuras nações, ao lançar-lhes sobre a cabeça a iminência do céu e do inferno para os pobres de espírito: os que não enxergam o Além e apenas captam a linguagem da ameaça que os maus espíritos trazem.
Foi quando passou a valer a verdade máxima: todos os caminhos levam a Roma. A cidade aberta para abençoar monarcas de todas as espécies e conduzir o destino espiritual de quem entende de guerra, mas cuja alma passava despercebida de que tínhamos outras vidas, apesar da morte encorpar a sombra de noites mal-dormidas e ensejar maus presságios, originando o pesadelo.
Ao atingirem tal poder, mantiveram a população na ignorância, reservando aos sacerdotes o monopólio do saber na absorção de nuances das parábolas do Novo Testamento com o objetivo de interpretá-las para a massa ignara. Umberto Eco já dizia que era um tempo extinguindo-se vagarosamente a se reproduzir bíblias escritas à mão. A cultura encarcerada nos mosteiros. A Idade Média.
Tanta sapiência acumulada só podia dar em idéias de grandeza, e nada melhor para tanto do que declarar guerra. Aos mouros. Fazendo-se valer, agora, de exércitos cristãos – as Cruzadas -, para naufragar a cultura islâmica que já comia pelas beiradas as atuais Portugal e Espanha.
As religiões ocidentais, primas entre si no dar um fim ao politeísmo e fetichismo pagão, resgataram o Deus monoteísta e inauguraram um mar vermelho de guerras com os povos tementes a Alá. O fanatismo a serviço dos donos da verdade que deturparam a palavra de ordem que deve predominar dentre os homens de boa vontade: a concórdia.
Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Hoje, Roma é cidade aberta. Os judeus se instalaram na Terra Prometida à espera do Messias e disputam Jerusalém com os palestinos que, relegados a um gueto, se transformaram em homens-bomba em busca de um paraíso onde habitam os bem-aventurados e almas justas.

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Antonio Carlos Gaio
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