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TEORIA CONSPIRATÓRIA

Há quem não goste de teorias conspiratórias, achando que é viagem de maluco-beleza que se especializa em ver chifre em cabeça de burro. São os mesmos que assistiram passivamente os judeus serem encaminhados aos fornos crematórios. São os mesmos que acachapados em sua poltrona favorita querem crer na solidez das instituições e votam com medo.
Como se não bastasse a detonada nas torres gêmeas de Nova York. Cartago invadir Roma pegando-a por trás ao cruzar os Alpes no cocuruto de elefantes. O arrastão francês promovido no Rio de 1715 ao desembarcar em Guaratiba e raspar o tacho desta colônia linda e cheia de graça. O mar de lama que inspirou a deposição de Getúlio Vargas via suicídio. O primeiro ataque terrorista a apuração informatizada na eleição de Brizola em 1982. Entregar as chaves do Paraíso para Collor tirar do seu governo o único prazer que lhe faltava. E por último, o cavalo de Tróia.
Teoria conspiratória das boas é a que nos foi reservada para o campo de batalha das eleições presidenciais de 2002. De um lado, o gladiador indicado pelo imperador, o candidato oficial, e do outro, o cristão que aceitasse o sacrifício de ser jogado às feras pela audácia em pretender desequilibrar a harmonia de nossas poupanças e o real de nossa moeda.
O jogo começou na eliminação de Itamar Franco ao não bater chapa com Simon, aliciado que foi o PMDB para compor a chapa de Serra com um vice a ser indicado. O nhenhenhém tucano visava recuperar o perfil de centro-esquerda, operação mãos-limpas iniciada com a desvinculação do PFL, depois de o ter usado durante os dois mandatos para legislar a seu bel prazer com uma enxurrada de medidas provisórias. Por tabela, se vingou do cassado ACM, considerado o primeiro-ministro da era FHC – quem governava de verdade.
A desclassificação seguinte coube aos Sarney já que a conspiração se vale de arapongas, grampos, judas, esposas traídas, de maridos que vieram do nada, de caim e abel, e do fundamental, se for necessário extorquir: o telhado de vidro. Com o prato cheio, basta escolher por onde iniciará a degustar o inimigo, se pelas beiradas ou através de grosseiras garfadas que denunciam o apetite descomunal em engoli-lo.
Para tirar o Garotinho da disputa nada mais apropriado que um piparote. O ministro Jobim convenceu seus colegas togados a interpretar legislação eleitoral, com o propósito de impedir chapas que nos estados contrariam idéias e interesses daquelas que defendem para presidente, deixando em sinuca de bico partidos que lançaram candidatos para barganhar vice ou apoio no 2º turno ou investir em 2006. Irretocável zelar pela fidelidade partidária a seus princípios, mas não na véspera do noivado. Ao não se obedecer a uma quarentena prévia para nomear juízes da Suprema Corte, as decisões não ficam imunes às contendas partidárias.
A tentação de se colocar no Supremo um líder do governo expõe o quanto a democracia sofre nas mãos de inúmeros presidentes que a caftinaram, na vilania de mancomunar os três poderes.
Os tucanos não são cheios de dedos, o fato de terem posto os Sarney para correr deixando Zé filho hipertenso, não os impediu de colocar um doce na boca do PFL, sabe-se lá com quantas colheres de açúcar, e esvaziar o apoio, especialmente do Nordeste, que pode crescer em direção a Ciro. Os pefelistas querem esquecer de Roseana, depois que a exploraram tanto, como tema de campanha, afinal, como mulher, Murad é problema dela – esse negócio de casar de novo nunca deu certo.
Não existe coincidência na vida, o destino do se faz aqui e agora se opõe ao destino resignado. Se Jung estivesse vivo, atribuiria à sincronicidade, termo que escolheu para se referir à simultaneidade no tempo e no espaço de dois ou mais acontecimentos sem relação de causa e efeito, cujo conteúdo significativo expressa a identidade entre eles. Algo mais do que uma probabilidade de acasos, não se trata de sincronia ou coincidência no tempo, mas de aglutinar as forças que marcharam unidas nos últimos oito anos em que o Pensamento Único pintou em cores vivas um país de Primeiro Mundo internacionalizado, globalizado, seguro e livre de vagabundos. Para se defrontar com o candidato que julgam mais fácil de ser batido, o operário que foi longe demais.
Quem está por trás disso tudo? O gênio do mal? O senhor dos anéis? Por que os gênios do bem não alcançam a estatura de um Mal que nos aterroriza com seu poder de maquinação e faz sumir o chão debaixo de nossos pés? Ainda mais se vem travestido com um sorriso permanente no rosto, cheio de salamaleques, com um pezinho lá, convicto de quem tem lugar reservado na bancada de estudiosos que se debruçam sobre a malignidade de estruturas perversas em que a alma humana encontra-se aprisionada.
A presença do mal sempre encerra o indeciso num dilema, os eleitores em busca de uma terceira via estão num mato sem cachorro. Como é do conhecimento geral e para o bem da Nação, é de bom tom alertar os políticos que o brasileiro é infiel, gosta de clones, tem como ícones as destaques de escola de samba, e quando se casa, politicamente não é correto. Mentalidade que leva para as urnas.

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Antonio Carlos Gaio
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