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UMA BOCA A TODO CUSTO

Desgraçada a decisão em dividir o Brasil em capitanias hereditárias. Foi o prenúncio de uma república cartorial cujo termo de posse das terras lavrou-se no frigir dos ovos da conquista de um santuário ávido por ser violado e gerar riquezas – o pau-brasil assim o exigia. Ao canibalismo dos índios o remédio era o extermínio, ainda mais que não lhes aprazia os trabalhos forçados, investindo a Corte de Portugal no papel de escravocrata para extrair vantagens conforme ação entre reis confessa no Tratado de Tordesilhas. O que garantiu os frutos mais podres a uma população que cresceu ludibriada, faminta e sedenta de justiça.
300 anos se transcorreram e nenhum rei se dignou a dar uma cagadinha aqui. Não tiveram a visão do atual papa, que derrubou o comunismo e reforçou as costuras do domínio católico. Só mesmo o inesquecível Napoleão para precipitar a nossa independência 14 primaveras depois de enxotar a caterva do real gabinete português. Foi então que, ao se encostarem, os amigos do rei se transformaram em barões do café, senhores de engenho e oligarcas esclarecidos na genérica questão de criar fontes de sustento para dar o que comer a seus filhos, que proliferavam no curso de uma miscigenação que, de um lado, atendia o prazer do estupro permitido, e, de outro, a busca da alforria a qualquer preço.
Brasão ainda identificável na elite dos tempos bicudos de hoje.
Depois de nascerem Edinho, Kelly e Jennifer de seu casamento com Rosemary Cholby, vieram ao mundo os gêmeos Joshua e Celeste com Assíria, da moita surgiu Sandra reconhecida pela Justiça, eis que aparece Flávia, a sétima herdeira do Rei Pelé, fruto de um relacionamento relâmpago. Agora se entende melhor porque Pelé fez vasectomia e não pôde ter filhos com a Xuxa, confirmando a fama dos mineiros de comer em silêncio, aproveita-se melhor o banquete, “entende?”.
O trabalho como ocupação, ofício ou profissão para esses nobres de araque da dinastia dos Pedros e da República Velha era correlacionado ao braçal, prerrogativa da plebe ignara, gentinha que nasceu com essa vocação, pois não sabia nem pensar, analfabeta que era. Enraizou-se e consolidou-se uma mentalidade que, embora sujeita a deformações causadas pela modernidade, permanece até hoje.
A mentalidade de conseguir a todo custo uma boca para zerar o custo fixo. Para calar a boca dos agiotas. Para dar um trato melhor com a mufunfa. Para garantir o leite das crianças.
Ao renunciar para se candidatar a presidente, o governador Garotinho rememorou saudosos tempos como donatário de capitania hereditária ou um Conde D’Eu qualquer – só pode ter sido um ato falho na delicada cirurgia de encarnação, misturando alhos com bugalhos. Depois de reinar por 3 anos no Rio de Janeiro, se autoconcedeu aposentadoria vitalícia pelo teto máximo, 1 mil por cada 9 dos filhos, noves fora escandalizando Moreira Franco que confessou ter requerido sua pensão somente quando sentiu o peso de ser sexagenário, a despeito de sua cara de ancião dispensá-lo de qualquer álibi.
Vivemos uma era de políticos que aumentam o patrimônio cumprido o mandato, horrorizando o senador Pedro Simon que buscou refúgio na ordem dos franciscanos.
Quem não anda atrás de uma boquinha nesse país? O trabalhador é que não pode ser, não tem tempo durante a jornada de trabalho ou no caminho para casa, muito menos ao longo de sua vida útil. Ainda mais agora que o patrão FHC, no refrigério de suas 3 fontes não muito católicas, cumpriu a promessa eleitoral de corrigir monetariamente sua existência como operário, indignado com aposentadorias precoces de vagabundos cinqüentões, pouco se lixando para a exploração de menores que tiveram de trabalhar a partir dos 15 anos.
Após uma reflexão profunda sobre esse estado de coisas no Brasil, Dionísio Aquino resolve fugir de helicóptero da penitenciária de Guarulhos e fixar residência na Praia do Francês em Maceió, ao reconhecer o estado de violência que grassa em São Paulo. Recapturado, o artista foi vítima de sua sociologia, esfaqueado no parlatório quando debatia com sua advogada as prerrogativas do cidadão diante do estado de arbítrio nas prisões.

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Antonio Carlos Gaio
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