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VIDA, PRECIOSA CONCESSÃO

A ideia do suicídio sobrevém quando o homem não tem forças para suportar as contrariedades da vida e perde a serenidade, amargando seu destino. Ele se desespera quando imagina que seus sofrimentos não terão fim, oprimido pelo desgosto e pela infelicidade. Ele não crê na vida em espírito e julga que tudo se acabará na vida terrena, só vendo na morte a solução natural e mais rápida para a extinção de seus males. Por mais que a guerra contra o seu instinto de preservação, que luta para aqui mantê-lo vivo, seja ferrenha. Cansou-se de esperar e não alimenta mais esperanças, acha até muito lógico e inteligente abreviar sua miserabilidade pela via do suicídio. É a forma engendrada pelo suicida de ganhar a guerra sem tréguas desfechada contra o seu espírito. Transformando-se em cinzas. Acreditando que desapareceu da face da Terra.
E o que impele o homem à guerra? A predominância do instinto animal sobre a natureza espiritual e o transbordamento das paixões, segundo Allan Kardec. Onde só é reconhecido o direito do mais forte. Para esmagar e escravizar o povo adversário. Contudo, à medida que o homem conseguir evitar as causas daqueles que suscitam a guerra para tirar proveito próprio, ele progredirá e se tornará mais humano, desde que elimine de si os maus espíritos que sobejamente os atraem e que só se preocupam em dar expansão à sua perversidade.
Portanto, a roupagem carnal é um presente divino, de fato, uma criação de Deus, que nos permite um abençoado aprendizado neste Mundo e, por isso, devemos preservá-la. Para vencer não uma guerra de caráter particular ou coletivo, e sim o desafio de cumprir uma missão de abrir fronteiras e adquirir o caráter espírita de querer bem aos outros e absorver qualquer investida dirigida para desconstruir sua espiritualidade.
O Espírito Emmanuel nos chama a atenção para as estações que regulam o ano e que abrem inúmeras possibilidades para iluminar nosso destino, havendo que aproveitar a primavera da mocidade, o verão das forças físicas e o outono da reflexão para realizar a grande viagem do inferior para o superior. Mas a maioria prefere se resguardar para o inverno da velhice ou o sofrimento irremediável na Terra, quando as possibilidades para determinadas experiências jazem esgotadas. Não que seja o fim da vida, mas o marco final de preciosa concessão atribuída ao seu livre-arbítrio. Será obrigado a recapitular a tarefa, sabe Deus quando! Como se estivesse numa escola, a repetir o aprendizado das mesmas matérias.

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Antonio Carlos Gaio
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