Uma frase espírita de Frida Kahlo, sem ela o saber, como muitos: “Se nossos olhos vissem almas em vez de corpos, quão diferente seria o nosso conceito de beleza”. Igualmente Ernest Hemingway, que disse certa vez: “A lição mais penosa que tive de aprender foi a necessidade implacável de ter de seguir em frente, não importa o quão destruído eu me sentisse por dentro”.
Essa última afirmação é de uma natureza tão dura, inflexível e universal, segundo Ernest Hemingway que, à primeira vista, choca nossa sensibilidade e nos paralisa. Como se pudéssemos, já que a vida não se detém quando nossos corações estão dilacerados, nossas mentes, cansadas, e nossos espíritos transparecendo que irão se desintegrar.
Obstinada e sem remorso, a vida exige que continuemos, sempre em frente. Não há tempo disponível para uma pausa, sequer um alívio silencioso para podermos coletar os pedaços que sobraram de nós e tentarmos colá-los uns aos outros. Prossegue Ernest Hemingway, ainda mais pessimista, o mundo não espera, mesmo quando dele precisamos desesperadamente.
Ele constata que essa realidade se torna mais difícil se ninguém nos prepara para um futuro sombrio, assim delineado: quando crianças, somos cercados por histórias com finais felizes – contos de fada que enfatizam o triunfo, a redenção e tudo se encaixando na mais perfeita ordem. Mas a vida adulta desfaz pouco a pouco essas ilusões que preenchem a alma, ao nos deparamos com o duro panorama de sobreviver e não ser heroico na maior parte do tempo. É assumir uma postura corajosa quando você se encontra em processo de desmoronamento. Quando recuar parece a única opção, é você ressurgir e avançar. É dar mais um passo à frente, mesmo quando seu corpo anseia por descanso.
No entanto, nós resistimos – esse é o milagre de ser humano. Nos momentos mais profundos de dor, descobrimos reservas de força que nem sabíamos que existiam dentro de nós. É o nosso espírito, Ernest Hemingway, que, por sua vez, não soube entrar em contato com a sua espiritualidade, mesmo quando percebeu, com o tempo, que a adesão não é cerimoniosa nem festiva, objeto de um ritual. Ao contrário, é um desafio silencioso, ao não permitir que os fardos da vida nos estraguem por completo.
O processo de espiritualização mostra-se exaustivo para uns tal como a vida, dias havendo em que o peso parece insuportável. Mas, mesmo assim, seguimos em frente. Cada pequeno e hesitante passo é uma prova da nossa resiliência. Um lembrete de que, mesmo em nossos momentos mais sombrios, ainda estamos lutando, ainda nos recusando a desistir.
A ducentésima quinquagésima terceira intervenção espiritual, em 14 de novembro de 2025, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 161 (“Cristãos”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 10 (“Bem-aventurados os que são misericordiosos”), item 17 (“A indulgência”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Essa luta, essa coragem silenciosa, é a essência da sobrevivência, finaliza Ernest Hemingway. Foi jornalista, combatente (Guerra Civil Espanhola e 2ª Guerra Mundial), escritor e ganhador dos Prêmios Nobel e Pulitzer, e ateu. Sua morte foi precedida por anos de problemas de saúde física e mental, como depressão e consumo excessivo de álcool. A combinação desses fatores é citada como um componente significativo que o levou ao suicídio. Atirou em si mesmo com uma espingarda de caça na própria casa em Idaho, em 2 de julho de 1961.
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