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A DEGOLA

A degola da França, sem conseguir meter a bola nas redes com atacantes artilheiros do campeonato inglês, italiano e francês. O protótipo da impotência e nulidade que consagra o time de um jogador só. Nada que não lhe seja estranho, inventora da guilhotina que é, artefato usado para punir até quem a criou e cortar o mal pela raiz de órfãos de elites que só entendem uma linguagem: a da soberba, cuja filha bastarda, a invalidez, é impiedosa quando ataca, não poupando nem o cracaço Zidane, que se despediu da Copa, melancolicamente, puxando de uma perna. A ânsia em se ver incluída em mais uma elite, desta vez a do futebol, só realimenta a boataria em torno da convulsão de Ronaldinho, se foi ou não uma versão gaulesa do golpe Boa Noite, Cinderela.
Que se console Zidane com Pelé, Garrincha, Maradona e Romário, a injustiça, vulgar no futebol, não poupa os ídolos, que, por isso mesmo, são os mais atingidos. Ao contrário do que se pensa, a religião no meio é politeísta, quando os deuses resolvem castigar, a crueldade é a palmatória. Eles se zangam com a estreiteza de raciocínio e descontam em qualquer um. Não gostam de ver sua inteligência insultada, afinal, Dugarry lembra o nosso vice-presidente Marco Maciel, está em campo e a gente não o vê. O técnico Lemerre entrou mudo e saiu calado. O goleiro Bartez é obcecado em suscitar a questão gay ao exibir a cada jogo, para as câmeras – já de sobreaviso -, o bumbum dodói.
A degola de Camarões. Guarda uma verossimilhança com os bleu, campeão do mundo de 98 e europeu em 2000, os camaroneses levaram a medalha de ouro nas Olimpíadas de Sidney e a Copa da África. É ou não é para atarraxar uma máscara, daquelas de ferro que indefine sua raiz e identidade até a quinta geração, reflexo de como o mercado negro do futebol europeu compra a peso de ouro a nacionalidade de jovens talentosos que desejam ficar ricos integrando selecionados que não coincidem com os países de nascimento. Nessa hora oportuna, os fascistas vitoriosos em eleições não são contra o imigrante, o importante é elevar o nome da pátria ao galardão máximo, não discriminando Nova Caledônia nem Guadalupe. Pro bem do povo cabe até o intervencionismo de governos no aliciamento.
A degola da Argentina. Se Senegal desequilibrou o grupo da França vingando-se do colonizador, a Argentina se desequilibrou no grupo da morte afundando junto com teorias como a de definir de antemão o time para a Copa, saber de cor os seus 11 titulares, quando hoje se joga com um núcleo de 14 a 17 jogadores, dependendo do adversário, da tabela ou do mando de campo. De que adiantou a França e a Argentina terem mantido a mesma base? Criou teia de aranha. Para que se utilizar de tantas equações e incógnitas na bolação de táticas, se todo mundo avança, até Chilavert, e todos recuam? Para que a numerologia dos sistemas de jogo, se vivemos a era do descartável? A Copa é uma questão do momento, reduz tradições a bandeirolas, chaveiros e canetas, o currículo pode virar pó.
Os argentinos gabavam-se de ter em cada posição pelo menos um craque. A soberba sempre resulta em choro se não adequado os seus rumos e movimentações à realidade. Não é de todo desagradável a fixação dos platinos em nossos destinos, querem nos tirar para dançar mas não têm coragem, que é que vão dizer quando chegarem em casa? E dá-lhe de hostilizar e viver a vida de um conde falido, a ter que operar a hérnia de seu umbigo. E a miséria bater às suas portas. Também pudera, quem lhos mandou trair o estilo maradona de jogar e continuar obcecado com os ingleses? Os chuveirinhos na área deram a medida.
A degola da Copa não livrou a cara nem de Pelé que baixou hospital na esteira dos excessos provocados pela divulgação do Viagra e o mal súbito da comparação de seus 1000 gols com o número de consultas e internações da Golden Cross.

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Antonio Carlos Gaio
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