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A FATALIDADE DA GRIPE

Ninguém está livre de uma boa gripe. Seja porque mudou a temperatura anunciando o inverno para gelar nossos corpos. Seja porque o calor do verão, em contraste com ambientes altamente refrigerados, gera um estado febril. Quando não é o contato promíscuo no Carnaval, de caráter virótico. A própria brisa oceânica inflama a garganta se ficar de boca aberta, extasiado com um marzão tão grande. O sol abrasador dá dor de cabeça. A umidade excessiva da estação das chuvas chama a coriza. À gripe alérgica somou-se a gripe de caráter suíno, que provoca tremedeira e não há cobertor que dê jeito.
Sem contar a inacreditável gripe resultante da reação à vacina contra a maldita da gripe que mata. Por se encontrar encubada antes da picada da injeção que fez doer justamente o braço sobre o qual nos apoiamos para dormir. A vacina acaba abrindo as portas para a gripe ordinária se criar e ainda somos obrigados a saudá-la por ser benigna, como se malignos não fossem a enxaqueca monumental, as dores no corpo, a incontrolável tosse de cachorro, o nariz entupido, que nem por isso deixa de pingar, a garganta inflamada que mal permite engolir em seco, a boca ressequida, a falta de apetite que desanima, o desinteresse por ler ou mesmo ver um programa na TV, a prostração que nos condena à cama, o sono intermitente que não repousa e o não querer encarar o seu próximo, lançando-nos no pior dos mundos.        
Repararam que, se o morro não tem vez, o sexo na gripe não tem condição de buscar, ao menos, uma condição de relevo? Para mostrar que temos de baixar nossa bola, nem tudo gira em torno de nossos pobres poderes e não há nada que impeça de vir uma fatalidade e chupar nossa energia criativa, anulando-nos. Fazendo-nos sentir um zero. Apenas para demonstrar que o seu destino não está em suas mãos, embora a memória fraca nos desvie para outras paragens, sonhando em ainda reinar com fé em nossas próprias forças.
Esquecendo-se de que mais importante do que amar e ser amado é gozar de boa saúde. Possuir uma mente sã para não ser objeto de falsas ilusões. Ingerir o que é saudável para facilitar a digestão do que vê e não consegue aceitar. Até que sobrevenha a fatalidade da gripe para ajudá-lo a expurgar males de que não deu conta e que se enraizaram, conturbando seu estado de espírito. A nobre finalidade da gripe que recebe o nome de fatalidade.

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Antonio Carlos Gaio
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