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A LETRA H DE HILDA

Sua mãe morreu quando tinha cinco anos de idade.
Nunca lhe explicaram direito por que ela se foi tão cedo.
Até hoje não sabe o mal que a levou.
Que maldade, iria precisar tanto dela!
Intuitiva, passou a observar sua assinatura espalhada pela casa em bilhetes, cadernos e cartas. 
Pôs-se a reproduzir a letra inicial do nome de sua mãe até ficar igual ao que ela assinava.
O H de Hilda.
Em caligrafia clássica para recriar o vínculo com a mãe através da letra H.
Mesmo porque ela à noite chamava a mãe da cama e Hilda não aparecia. 
Com o H próprio da criança que tinha curiosidade de investigar onde sua mãe está, tendo deixado apenas a letra H como legado. 
Como fazer para essa filha encontrar sua mãe?
Hilda que, com o transcorrer do tempo, foi ficando mais distante.
Quando a filha se tornou mãe, então fechou a porta.
Foi mãe sem ter um modelo de mãe para se amparar.
Cessou toda sua insegurança.
O H de Hilda se tornou letra morta.
O que permitiu à filha crescer como mulher.
E ver a dor pela precoce perda de Hilda diminuir.
Sua filha foi ocupando o espaço de Hilda com sua personalidade voluptuosa e descontínua.
Para não pairar dúvidas.
A neta era Hilda, que sumiu e voltou num pé só, agora para marcar a presença de mãe como filha.
Com que propósito? De modo a somente asseverar mistérios para os quais não temos resposta e apenas prosseguir no curso do rio?
O fato é que a neta fez a mãe se esquecer de Hilda e se concentrar em sua filha, que lhe daria carrada de razões para se orgulhar dela.
E lidar com as desditas amorosas da filha, sofrendo com seus altos e baixos, irmanando-se com sua capacidade de amar sem eira nem beira, até conseguir desviar o seu curso ao despertar o fogaréu contido dentro de si.
Amando com uma intensidade que não mais esperava.
Fazendo, lá do Alto, Hilda aprovar com um sorriso de madona.

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Antonio Carlos Gaio
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