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CAPÍTULO 28 – SE COMPRA DE VOTO OU DE APOIO, O QUE INTERESSOU FOI CONDENAR O PODER QUE CORROMPE

Que houve corrupção no afã de se aproveitar de brechas na legislação eleitoral, da fama de Marcos Valério com sua ubiquidade e faro animal para tirar leite de pedra e da experiência do Banco Rural em materializar o valerioduto e lavar dinheiro, fazendo chegar às mãos dos políticos do PTB, PP, PL, PMDB e PT, disso não há dúvida – desde o mensalão do PSDB em Minas. A base para a condenação: quando se comprovou o desvio de dinheiro público da Visanet (assim considerado pelo fato do Banco do Brasil ter uma participação de 31% no grupo que controla o cartão de crédito), o que nada tem a ver com caixa dois. Há que dar esse crédito ao ministro Joaquim Barbosa, que se debruçou sobre os dois processos do mensalão, e costurou uma história coerente sobre a compra de voto a partir de declarações prestadas em juízo, em CPI, em diversas versões que contradiziam seus depoimentos originais, fortalecida com as reuniões, encontros furtivos, comentários em off e disse me disse. O que não convence é comprar voto para passar a Reforma da Previdência, quando era matéria de interesse da própria oposição (os demotucanos), que tentou aprová-la no governo FHC e não conseguiu em função dos próprios petistas rejeitarem-na. Se ainda fosse para passar a Reforma Agrária, a taxação de fortunas ou a regulação da mídia, ainda vá lá! Mas em torno de matérias onde não existe conflito de interesses, não convence. A não ser que fosse para comprar maioria parlamentar e proporcionar governabilidade ao recém-iniciado governo Lula, muito necessitado em se firmar com uma gestão voltada para o equilíbrio nas finanças, saldando a dívida externa. O que se entenderia pagar até a petistas resistentes a um pacto necessário para assegurar as condições mínimas de governar, em função do pânico que tomou conta do país com a herança maldita de FHC. Se é compra de voto ou de apoio ou mesmo para pagar contas de campanhas anteriores e se preparar para a próxima, vem a dar no mesmo – é tudo uma questão de semântica. Os próprios juízes supremos foram ignorando a finalidade com que se idealizou e montou o valerioduto, enfatizando a condenação da corrupção e da prática ordinária e desonesta de poder, nem levando em consideração o que a ministra Cármen Lúcia observou, com raro brilhantismo: “um governo que não tenha sustentação parlamentar tende a não se sustentar. Ele cai. E se não cair, pouca coisa será feita”. Ainda mais se exigir maior rigor na ética e no cumprimento das leis pelos políticos para salvaguardar a democracia de mensalões. O golpismo faz parte dos tempos republicanos. É a politicagem ou a guerra. Quem enfrentará esse dilema? O Batman personificado no ministro Joaquim Barbosa?

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Antonio Carlos Gaio
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